Comércio varejista, atendimento ao cliente; trabalhos remotos; trabalhos com horários noturnos, como vigilantes e porteiros; guardas de segurança; motoristas de caminhões de longa distância e entregadores. Estas são as sete profissões que mais causam infelicidade nas pessoas.
O estudo publicado pelo jornal O Globo é da Universidade de Harvard (dos Estados Unidos) e foi conduzido desde 1938, acompanhando mais de 700 profissionais de todo o mundo e questionando as vidas de profissionais a cada dois anos. Seu objetivo foi estabelecer quais fatores teriam capacidade de aumentar ou diminuir o sentimento de alegria no trabalho. Esses empregos em específico podem gerar o sentimento de infelicidade entre trabalhadores.
A pesquisa mostrou as profissões mais “infelizes” e as mais solitárias, onde os colaboradores não teriam oportunidade de trabalhar em equipe. Trabalhos que oferecem serviço ao cliente aparecem na lista. Os motivos estão relacionados com as interações negativas, já que alguns desses empregos teriam grande grau de dificuldade em lidar com pessoas impacientes ou com problemas constantes. A pesquisa apontou ainda que esses motivos levaram a um maior estresse e frustração dos funcionários.
VISÃO CLASSISTA
O sindicalismo classista precisa trabalhar sua visão crítica sobre esse fenômeno e projetar ações. Afinal, as pessoas que trabalham passam a maior parte do tempo nas empresas. Por isso, o trabalho deveria ser algo prazeroso. Podemos ver que as revoluções industriais ajudaram o desenvolvimento dos países, produzindo novas tecnologias. Isso impactou a vida dos trabalhadores e da sociedade, mudando a percepção humana sobre a realidade em cada momento histórico. Mesmo com as diferenças nos efeitos que geraram, a essência foi a mesma: ampliou lucros e reduziu custos para os empresários, enquanto a classe trabalhadora teve mais trabalho (podendo trabalhar menos) e precarização da vida.
Isso se confirma no Século 21, com essa intensa inovação tecnológica. Algo que deveria ajudar a melhorar a vida das pessoas, revela a concentração da riqueza e o aumento da pobreza. Dois exemplos ajudam a entender a precarização do trabalho: entregador de aplicativo que carrega nas costas uma marca mundial bilionária com sua própria bicicleta e de sandália. Um motorista de UBER, que trabalha com seu próprio carro, ou alugado em uma locadora. É o capital explorando o trabalho, que oferece a própria ferramenta para ser explorado. E ainda os chama de "empreendedores".
Não temos dúvidas sobre a importância das novas tecnologias. São fruto da inteligência e do trabalho humanos, explorados em dimensões e formas diferentes. Mas, também, produzem efeitos negativos na vida da maioria da população e uma contradição absurda: mais trabalho e menos direitos para a maioria de um lado, e mais riqueza para uma minoria, do outro.
O que se observa, em praticamente todas as atividades, é que se trabalha mais, quando se poderia trabalhar menos com a mesma produtividade. As pessoas estão adoecendo em função da pressão para se atingir metas absurdas (sem a devida contrapartida na Participação nos Lucros e Resultados) e do assédio moral. Sem esquecer os acidentes nos locais de trabalho.
REDUÇÃO DA JORNADA E VALORIZAÇÃO
O estudo de Havard é apenas um extrato de como o trabalho humano segue sendo desvalorizado pelo capitalismo. É importante o movimento sindical denunciar e desenvolver campanhas que reivindiquem desenvolvimento econômico e das empresas com valorização do trabalho.
Está na hora de discutir seriamente a redução da jornada de trabalho, sem redução de salário. Menos horas de trabalho é mais saúde para quem se dedica diariamente às empresas. Em vários países, já é realidade e um meio importante para preservar e criar empregos de qualidade. Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), várias nações mais ricas que o Brasil têm jornada, em média, abaixo de 40 horas: Portugal: 39,1; Estados Unidos: 38,2; Espanha: 37,4; França: 36,5; Itália: 36,3; Suécia: 36; Alemanha: 34,7 e Suíça: 34,6.
Jornada menor pode gerar novas turmas de trabalho, ampliando a geração de empregos e melhorando a qualidade de vida das pessoas. É preciso desenvolver uma consciência crítica junto à classe trabalhadora e à população de que novas tecnologias podem ser melhor aproveitadas pela humanidade e que o mercado não seja o “senhor”, mas os interesses coletivos. É assim que daremos passos importantes para construir sociedades desenvolvidas, mais justas e mais humanas.
A REDAÇÃO
Foto: Pexels, Revista Galileu