Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 71% dos brasileiros cortaram gastos durante a pandemia. O consumo das famílias é o pior dos últimos cinco anos.
O economista-chefe da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), Fábio Bentes, em entrevista à Sputnik Brasil, afirmou que a percepção da CNC se alinha em muito com a pesquisa da CNI, “na medida em que a intenção de consumo dos brasileiros caiu muito entre meados do ano passado e agora em meados de 2020”.
“A perspectiva de consumo agora em julho de 2020 é de que 60% dos consumidores admitem consumir menos nesse momento […] do que no mesmo período do ano passado. Em julho de 2019, esse percentual era de 37%. Portanto esse avanço de 37% para 60% revela o grau de aversão ao consumo por parte das famílias nessa pesquisa conduzida pela CNC”, declarou.
De acordo com ele, a redução na renda impacta na capacidade da população de consumir, tendo em vista que trabalhadores informais, mesmo com auxílio emergencial tiveram uma queda na renda e os trabalhadores formais que continuaram empregados também entraram nesse programa de redução proporcional do salário.
“A pesquisa que a gente conduz na CNC há mais de dez anos aponta que, na percepção de 44% das famílias, o crédito nesse momento está mais difícil do que estava um ano atrás. Aliás, em julho de 2019 essa percepção não chegava a 40%. Então pela via do mercado de trabalho, pela via do crédito, a gente tem um ambiente bem menos favorável ao crescimento das vendas do que a gente tinha poucos meses atrás, antes do problema da pandemia“, disse.
Ao comentar o posicionamento dos comerciantes diante da crise, Fábio Bentes observou eles estão buscando reagir com medidas como a realização de campanhas de informação e prevenção da COVID-19 em estabelecimentos comerciais.
“Outras medidas que têm sido adotadas por comerciantes têm sido o adiamento no pagamento de impostos. 44% dos comerciantes postergaram o pagamento de impostos; trabalho remoto foi uma medida adotada por 38% das empresas do comércio; antecipação de férias por 35% das empresas adotando essa medida; e até mesmo a alteração na forma de entrega de produtos foi adotada por um terço dos comerciantes”, acrescentou o economista-chefe da CNC.
Fábio Bentes ainda destacou que a pandemia tem provocado um fechamento bastante significativo de empresas, não só no comércio, mas no setor de serviços também.
“Uma pesquisa recente do IBGE mostrou que 40% das empresas que estavam fechadas na primeira quinzena de junho adotaram essa medida por conta da pandemia, ou seja, quatro de cada dez empresas que estavam fechadas optaram por não reabrir justamente por conta do problema da pandemia”, completou.
Via: Sputnik Brasil