O número de domicílios que recebem o auxílio emergencial cresceu no mês de junho. Conquistado graças à luta dos movimentos sociais e da oposição ao governo Jair Bolsonaro, o benefício chegou a 29,4 milhões de lares brasileiros (43%), onde vive praticamente a metade (49,5%) da população brasileira. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (23) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na comparação com o mês de maio, houve um aumento de 3,1 milhões de lares beneficiados – aqueles em que ao menos uma pessoa da família teve acesso ao principal programa assistencial durante a crise sanitária. A população mais pobre foi mais beneficiada com o auxílio, recebendo 75,2% das transferências. O auxílio garante proteção social no período de enfrentamento da crise da pandemia da Covid-19.
Nas regiões Norte e Nordeste, o percentual de domicílios beneficiados com auxílio emergencial ultrapassou os 45%. No Amapá e no Maranhão, por exemplo, a proporção de beneficiados foi superior a 65%. Já em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, a cobertura do programa não alcançou 30% dos domicílios, segundo dados da pesquisa.
Auxílio tem maior impacto entre os mais pobres
A pesquisa mostra que, em junho, o auxílio emergencial teve impacto maior sobre a parcela dos 10% da população com os menores rendimentos – o que equivale a cerca de 21 milhões de brasileiros que residem em domicílios com renda domiciliar per capita de até R$ 50,34. Dessa faixa, 17,7 milhões (83,5%) moram nos lares que receberam o benefício. Para esse contingente, a renda domiciliar per capita passou de R$ 7,15 para R$ 271,92, um aumento de 3.705%.
Na segunda faixa de renda, o benefício contemplou 86,1%, o que corresponde a 18,2 milhões dos 21 milhões de pessoas que residiam nas casas onde pelo menos uma pessoa recebeu o auxílio. O impacto do auxílio para esse grupo foi de 150% – a renda domiciliar per capita passou de R$ 150,88 para R$ 377,22.
Para Cimar Azeredo, diretor-adjunto do IBGE, os dados divulgados revelam que o programa teve grande impacto sobre os rendimentos das pessoas mais vulneráveis, que na ausência do benefício viveriam com R$ 354,18 ou menos. “O auxílio emergencial atingiu cerca de 80% dos domicílios duas primeiras faixas de renda e cerca de três quartos dos domicílios da terceira faixa. Isso demonstra a importância do programa na renda domiciliar per capita dos domicílios dos estratos de renda mais baixos”, disse.
O auxílio emergencial é destinado a trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados, com renda domiciliar per capita que não deve ultrapassar R$ 522,50 ou a renda total do domicílio que não ultrapasse a três salários mínimos (R$ 3.135). O levantamento foi feito por meio da Pnad Covid, versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua realizada com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal no Brasil.
Via: El País