CTB participa da Marcha das Mulheres Negras

Geral CTB Geral 06/11/2015

A CTB Bahia está mobilizando os sindicatos para participar da Marcha das Mulheres Negras contra o racismo, a violência e pelo bem viver, que acontece em Brasília, no próximo dia 18 de novembro. A expectativa é de que o evento reúna mais de 70 mil pessoas de todo país na capital federal, para cobrar a consolidação das políticas públicas voltadas ao povo negro que foram conquistadas ao longo dos últimos anos. A Bahia vai participar com um grande número de mulheres e homens.

A Marcha das Mulheres Negras representa a reação das mulheres brasileiras no combate ao racismo, contra a violência e todas as formas de opressão que atinge essa parcela da população. Este movimento está sendo construído a muitas mãos e protagonizado por mulheres negras do campo, da cidade, as pescadoras, as marisqueiras, as quilombolas, as ribeirinhas e por diversos segmentos da sociedade com o objetivo de construir um modelo político-econômico e social que realmente inclua todas e fortaleça a condição de ser mulher negra no nosso país.

As mulheres negras representam 25% da população brasileira, somam 49 milhões de pessoas e enfrentam cotidianamente os problemas de uma sociedade onde ainda imperam muitos elementos de um regime escravocrata e patriarcal. Entre os maiores problemas enfrentados pelo grupo social estão questões como a da violência, o do acesso à saúde de qualidade e da liberdade e respeito ao culto de divindades de matriz africana.

Segundo Angela Gomes, uma das integrantes do comitê organizador da Marcha, 70% das mulheres negras morrem dentro do espaço doméstico e isto é ignorado pelos dados oficiais.

“Não estamos reivindicando só a vida dos negros. Nós, mulheres negras, estamos reivindicando nosso projeto de vida, a gente tem um projeto de vida que não é esse projeto que está colocado ali”, diz Angela. Ela acrescenta que foi a população negra que teve papel fundamental na construção do Brasil. “Há 300 anos não temos reparação da nossa história. Ao contrário, mulheres negras ganham 48% do salário das mulheres brancas na mesma função”, comparou.

E não é só aí que residem as diferenças. A taxa de mortalidade materna não cai no mesmo ritmo dos números das mulheres brancas; os casos de violência contra a mulher não são, em geral, apurados; a inserção no mercado de trabalho ainda está muito vinculada aos serviços domésticos; entre outras.

A marcha vai marcar posição sobre estes e outros pontos tais como a titulação e garantia das terras quilombolas; o fim das revistas vexatórias em presídios e as agressões sumárias às mulheres negras em casas de detenções; a investigação de todos os casos de violência doméstica e assassinatos de mulheres negras, com a punição dos culpados.