Feira das Comerciárias homenageou as mulheres

Geral CTB Geral 09/03/2015

A quinta edição da Feira de Cidadania da Mulher Comerciária, realizada na sexta-feira (6/3), na Praça Newton Rique – Shopping da Bahia (Iguatemi), reuniu autoridades e representantes de órgãos públicos para discutir a ausência de creches em Salvador para a guarda dos filhos das comerciários. O evento é realizado todo ano pela Secretaria de Gênero do Sindicato e faz parte das atividades em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março. O coral da Legião da Boa Vontade, formado por crianças de 7 a 12 anos, abriu a Feira.

No local foram montados stands com vacinação contra tétano e hepatite B; serviços de orientações odontológicas; aferição de pressão arterial; avaliação corporal e emissão do cartão do SUS, através de parceria com o Conselho e Secretaria Municipais de Saúde. Nas palestras e debates também foram discutidos temas como: violência, saúde, educação, mercado de trabalho e alimentação.

“Mais uma vez trouxemos para a praça a discussão importante que é a questão de creches no comércio de Salvador. Sabemos que as comerciárias estão abrindo mão dos seus direitos porque não tem com quem deixar seus filhos. Tivemos aqui hoje várias autoridades e personalidades importantes para discutir a importância da creche na cidade como um todo. A partir de agora vamos ocupar as ruas e solicitar das autoridades creche no comércio já.”, destacou Cherry Almeida, secretária de gênero.

Jaelson Dourado, presidente do Sindicom, lembrou que os horários das creches devem se adequar ao das comerciárias. “É importante observar o horário de funcionamento destas creches, porque os shoppings da cidade encerram as atividades às 22hs e estas trabalhadoras chegam em suas casas por volta das 23hs. A creche precisa ter uma flexibilidade de horários das 7h da manhã até às 23h para atender com um equipamento de qualidade para a guarda dos filhos das trabalhadoras”.

Números

O número reduzido de creches na cidade tem alterado o cenário do comércio. Em 2014 o Sindicato contabilizou cerca de 11mil desligamentos de comerciárias. Deste total, 1,760 (15,42%) foram demitidas ou pediram afastamento após tornarem-se mães e não terem onde deixar os filhos. A ausência de creches afeta diretamente a comerciária Tatiana Vieira. “Meu filho tem 3 anos, não estuda ainda e fica com minha sogra. A dificuldade é quando ela sai, porque eu não tenho com quem deixá-lo e sou obrigada a faltar trabalho ou a deixá-lo com outra pessoa, isso me deixa muito preocupada. Se tivesse creches pública eu sairia tranquila para trabalhar sem preocupações”.

Apesar de a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) estabelecer que os municípios são responsáveis pela oferta e gestão da educação infantil, infelizmente nem o setor público nem o privado tem feito a sua parte. O último Censo do IBGE, realizado em Salvador no ano de 2010, revelou que cerca de 53 mil crianças com idade de 0 a 5 anos estavam fora da escola naquele ano. “A falta de possibilidade de colocar os filhos em uma creche tira muitas mulheres do mercado de trabalho e muitas vezes impede a entrada de outras devido aos empregadores, que entendem que é a mãe quem deve cuidar do filho. Entendem que as responsabilidades familiares são apenas das mulheres e não da família como um todo.”, pontuou Ana Georgina, do Dieese.

 

Fonte: Sindicato dos Comerciários de Salvador.