Todos os caminhos levaram ao Bonfim nesta quinta

Geral CTB Geral 15/01/2015

A quinta-feira (15/01) foi de muita fé e festa em Salvador. Desde as primeiras horas da manhã, baianos e turistas lotavam as proximidades da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, para participar das homenagens ao Senhor do Bonfim, padroeiro da Bahia. Às 8h30, um ato ecumênico abriu a festa e deu início ao cortejo até a Colina Sagrada, onde as baianas lavaram as escadarias da Igreja do Bonfim, com água de cheiro.

O percurso entre as duas igrejas é de oito quilômetros, mas a distância não é problema para os participantes, que costumam fazer a caminhada animados pelo som de bandas de sopro, samba e percussão. “Neste ritmo a gente não sente a caminhada e chega mais animada na Colina Sagrada para agradecer ao Senhor do Bonfim por mais um ano de vida e saúde”, comentou Regina dos Santos, 62 anos, que participa da festa há 30 anos.  “Enquanto eu conseguir caminhar, estarei aqui”, completou animada.

Símbolo do sincretismo religioso e da tolerância, a festa é também um espaço de crítica política e contestação. Participar do cortejo já é parte da tradição das entidades do movimento sindical e social do estado, pois o cortejo é uma excelente oportunidade de levar suas demandas ao conhecimento da população.  A CTB e alguns sindicatos cetebistas marcaram presença na festa levando as bandeiras de luta da classe trabalhadora.

O percurso foi marcado também por protestos contra a gestão do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). O aumento na tarifa do transporte urbano e no IPTU, a privatização dos espaços públicos e a falta de transparência nos gastos estavam entre as principais queixas da população nas ruas.  Os governos estadual e federal também foram lembrados nos cartazes e faixas empunhadas no cortejo.

A parte religiosa da festa foi encerrada com a lavagem das escadarias da Igreja do Bonfim, que é feita por dezenas de baianas ligadas a religiões de matriz africanas. A água de cheiro dos seus vasos não serve apenas para lavar o adro Igreja, mas também é disputada por baianos e turistas como forma de garantir boa sorte durante o ano.

Tradição

A Lavagem do Bonfim é uma das festas populares mais tradicionais da Bahia. Há 261 anos, milhares de baianos e turistas cumprem o ritual de percorrer a pé os oito quilômetros que separam a Catedral de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim.  A festa é marcada pelo sincretismo religioso, começando com novenas na Igreja Católica durante as semanas que antecedem a festa e se encerrando com baianas ligadas à religiões africanas  lavando as escadarias da Igreja.