Francisco, o Papa de ideias avançadas que desafiou dogmas da igreja

Ao longo da história da humanidade, nunca foi fácil mudar culturas, pensamentos e comportamentos conservadores, especialmente no campo da religião. Seguramente, por desafiar essa lógica (dentro dos limites impostos pela Igreja Católica), o Papa Francisco deixará um legado importante para as futuras gerações.
Em 12 anos de papado, o argentino Jorge Mario Bergoglio, primeiro papa latino-americano na história, foi criticado por forças de direita, chegando a ser acusado de estimular ideias comunistas por defender causas das chamadas "minorias". A sua postura mostra que é importante ter vozes destoantes para transformar realidades e que, quem comanda organizações coletivas, mesmos religiosas, pode fazer a sociedade avançar.
Francisco defendeu os direitos da população LGBTQIAPN+ e permitiu bênçãos de padres a casais do mesmo sexo. “Quando Deus olha para uma pessoa gay, ele endorsa a existência dessa pessoa com amor ou a rejeita e condena? Temos de sempre considerar a pessoa”, afirmou. Ele colocou mulheres em cargos mais altos no Vaticano, inclusive votando no Sínodo dos Bispos (reunião que debate e decide questões ideológicas e regimentos internos). Com relação à imigração, o pontífice denunciou a “globalização da indiferença” que o mundo mostra aos imigrantes.
POLÍTICA E PADRES PEDÓFILOS
O papa, também, se posicionava politicamente, criticando o capitalismo e os sistemas econômicos "que idolatram dinheiro em vez de pessoas". Ele usou dados científicos em um documento e classificou o aquecimento global como um grande problema criado pelo homem. E denunciou o sistema econômico mundial “estruturalmente perverso” e baseado na busca pelo lucro, que explora os pobres e arrisca transformar a Terra numa “imensa pilha de lixo”.
Francisco dizia que a pena de morte “simplesmente não se justifica atualmente”. Aos jovens, o papa disse que eles "não podem ver a vida passar. Devem intervir em questões sociais, como fez Jesus Cristo. Sejam livres, sejam autênticos, sejam consciência crítica da sociedade". Com as denúncias de abuso sexual praticado por padres, especialmente contra crianças, o papa criou um tribunal especial para julgar os bispos que, por negligência ou arbitrariedade, não investigassem os abusos de crianças dentro da Igreja.