No escândalo de R$ 1,4 bilhão do "Rei do Lixo" aparece ligação com ACM Neto
Nos desdobramentos da investigação da Polícia Federal (PF) sobre o empresário Marcos Moura, o "Rei do Lixo", surgiu o fato de o criminoso ter usado sua influência sobre o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), citado no inquérito, para viabilizar a liberação de pagamentos da prefeitura ao grupo. Moura é amigo de Neto e está envolvido em um desvio na ordem de R$ 1,4 bilhão por meio de emendas e fraude de licitações.
As suspeitas são de fraude em licitação e superfaturamento no Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca) e em outras prefeituras, informaram O Globo e o UOL nesta semana. Moura, assim como ACM Neto, é filiado ao União Brasil, integrando a cúpula do partido. Ele possui uma sociedade com a irmã do ex-prefeito, na posse de uma aeronave, segundo o UOL.
O ex-presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, disse que o escândalo em torno dos contratos celebrados pelo "Rei do Lixo" com prefeituras deve revelar um mega esquema de corrupção, de proporções nunca vistas no Brasil. “Essa milícia do Rio de Janeiro é trombadinha perto do que políticos da cúpula do partido fazem”, disse ele ao Brasil 247, diretamente de Miami, Flórida, para onde viajou com a família. “Acho que não houve um esquema de corrupção tão grande quanto este do União Brasil”, acrescentou Bivar.
Ele conhece bem os personagens dessa trama descoberta pela Polícia Federal, na Operação Overclean. Bivar foi presidente do União Brasil até sofrer um golpe interno, que teve como beneficiário Antônio Rueda, mas que teria sido arquitetado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o senador Davi Alcolumbre e o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto.
CONTRATOS EM SALVADOR
Marcos Moura é dono de empresas de limpeza urbana e possui contratos com várias prefeituras da Bahia, incluindo Salvador. Em 2018, durante a gestão de ACM Neto, o consórcio Ecosal, que inclui a empresa de Moura, firmou um contrato de R$ 427 milhões com a prefeitura para a limpeza urbana da capital por dois anos. O contrato foi renovado e permanece vigente.
As suspeitas da PF envolvem contratos de outra empresa, a Larclean, com a Secretaria de Educação de Salvador, comandada pelo prefeito Bruno Reis, também do União Brasil. Embora Moura não seja sócio da Larclean, as investigações apontam que ele atua em parceria com o dono, Alex Parente, acusado de integrar a organização criminosa de Moura.
ACM NETO FALA
Após ver seu nome no "bolo", ACM Neto afirmou em nota que as citações ao seu nome são "inferências" e que não estão relacionadas a qualquer ato ilícito. "Os autos, tornados públicos pela Polícia Federal, evidenciam que não há registro de qualquer diálogo de ACM Neto no âmbito das investigações, nem mesmo citação direta ao seu nome. Existem apenas inferências, que, ainda assim, não estão relacionadas a qualquer ato ilícito", disse a assessoria na nota.
com informações da CNN Brasil, UOL e O Globo