Vice-líder pego com ‘dinheiro sujo’ não tem ‘nada a ver’ com o governo, diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro tentou se desvencilhar do caso envolvendo o senador Chico Rodrigues (DEM-RR). Em operação da Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (14), Rodrigues foi flagrado com R$ 30 mil em dinheiro escondidos na cueca e entre as nádegas. Na quinta (15), Rodrigues deixou o cargo de vice-líder do governo no Senado. Mais tarde, em live realizada nas rede sociais, o presidente afirmou que o caso “não tem nada a ver” com o seu governo.
“É o tempo todo tentando me ligar à corrupção. Esse caso não tem nada a ver com o meu governo”, disse o presidente. Ele estava acompanhado dos ministros André Mendonça (Justiça e Segurança Pública) e Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União).
Segundo Bolsonaro, apenas ministros, secretários e presidentes de estatais e bancos públicos fazem parte do seu governo, excluindo os aliados do Congresso.
Ele também tratou de terceirizar responsabilidades, alegando que Rodrigues foi escolhido para comandar o governo no Senado “em comum acordo” com outros líderes do Congresso.
O senador é alvo de uma investigação que apura desvios de recursos da Saúde destinados ao combate à pandemia de covid-19, oriundos de emendas parlamentares.
“Esse senador gozava de prestígio, de carinho de quase todos, nunca vi ninguém falar nada contra ele. Aconteceu esse caso. Lamento”, disse. Uma semana antes do flagrante em Rodrigues, Bolsonaro havia declarado ter acabado com a corrupção no governo.
Em outro vídeo mais antigo que voltou a circular nas redes sociais, o presidente diz ter “praticamente uma união estável” com seu agora ex-vice-líder.
Além disso, Rodrigues empregava em seu gabinete Leo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro. Após a divulgação do caso, ele pediu demissão. Leo Índio, que se identificava nas redes sociais como “sobrinho do presidente”, após a divulgação do caso, apagou o parentesco.
Afastamento
Também nesta quinta (15), o ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento por 90 dias do senador Chico Rodrigues. Contudo, apesar das provas abundantes, os colegas senadores resistem em cumprir a decisão. Integrante do Conselho de Ética do Senado, Ângelo Coronel (PSD-BA) disse que a decisão de Barroso foi “açodada”, segundo a coluna Painel, da Folha De S.Paulo. “Não pode tomar decisão assim. E o direito ao contraditório?”.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, diz que espera receber a decisão do STF para tomar providências. De acordo com a coluna, ele avalia “questionar o STF se decisão assim pode afastar parlamentar do mandato”. Até a revelação do episódio, os senadores estavam concentrados na aprovação do desembargador Kassio Marques ao Supremo. O indicado por Bolsonaro deve ser sabatinado no Senado na próxima quarta-feira (21).
Via: RBA