Cresce no Congresso Nacional a pressão pela manutenção do valor original do auxílio emergencial instituído em abril por iniciativa do próprio Parlamento. O presidente Jair Bolsonaro quer reduzir o benefício à metade, ou seja, de R$ 600,00 para R$ 300,00,o que muitos consideram inaceitável e contraproducente, pois há consenso entre os economistas que o auxílio funcionou como um remédio para a economia nacional, fortalecendo o mercado interno e amenizando os impactos da crise.
“Não acredito que os parlamentares terão coragem de se levantar contra a vontade da grande maioria da população. É uma necessidade”, afirmou o deputado federal André Janones (Avante-MG), autor da campanha #600peloBrasil, que teve grande repercussão na internet.
Municípios mais pobres
O auxílio emergencial de R$ 600 foi diretamente responsável pelo impulsionamento da economia em diversos municípios do país. No Nordeste, os repasses representam até 5% do PIB mensal de quase metade das cidades. No Norte, 2,5%. Os dados constam em nota técnica da Secretaria de Política Econômica do governo Bolsonaro e comprovam o potencial eleitoreiro do benefício para o presidente.
“No que se refere à focalização municipal, observa-se que o auxílio emergencial atingiu com maior intensidade municípios com menores índices de desenvolvimento humano (IDH)”, diz o documento.
A nota técnica da Secretaria de Política Econômica utilizou dados de abril e maio do auxílio. Em alguns municípios do Norte e Nordeste, a transferência com o programa chegou a mais de 7,5% da estimativa do PIB mensal. Com isso, estima-se também que a proposta do governo de reduzir o valor pela metade pode ser trágica para esses mesmos municípios caso a economia continue em crise até o final do ano.
Segundo o documento do governo federal, o auxílio impactou principalmente municípios que concentram um grande número de beneficiários do Bolsa Família, programa social que se tornou um dos legados do governo do ex-presidente Lula. Com o auxílio, Bolsonaro tem visto a sua popularidade crescer em meio à pandemia, apesar do valor de R$ 600 sido uma conquista de parlamentares da oposição. Bolsonaro queria pagar apenas R$ 200.
Ao anunciar a prorrogação do auxílio na quarta-feira (2), Bolsonaro tentou minimizar o corte na quantia a ser paga nas próximas parcelas. “Podemos dizer que não é um valor suficiente muitas vezes para todas as necessidades”, começou. Para então emendar: “[O R$ 300] é um pouco superior a 50% do Bolsa Família”.
Mas o pretexto do equilíbrio fiscal não cola para quem analisa com olhos críticos o orçamento governamental, que destina cerca de 50% dos recursos reservados para cobrir as despesas públicas ao pagamento dos juros. São centenas de bilhões de reais, muito mais do que os gastos com o auxílio emergencial. Por que não se fala em cortes nos lucros dos banqueiros e rentistas?
Com informações da Forum