Estatísticas divulgadas nesta quinta-feira (6) pelo IBGE revelam um retrato sinistro do mercado de trabalho desemprego.8,9 milhões de postos de trabalho foram destruídos no trimestre compreendido entre abril e junho.
A taxa de desemprego aberto subiu a 13,3%,o que significa perto de 13 milhões de trabalhadores e trabalhadoras procurando emprego.
Mas o número de desocupados compreende também a população considerada no desalento, que já desistiu de procurar emprego: teve alta de 19,1% e alcançou o recorde de 5,7 milhões.
A população ocupada (83,3 milhões de pessoas) chegou ao menor nível da série histórica iniciada em 2012, com redução de 9,6% (8,9 milhões de pessoas a menos) em relação ao trimestre anterior e de 10,7% no confronto com o mesmo trimestre de 2019 (10,0 milhões de pessoas a menos). Ambas as quedas foram, mais uma vez, recordes da série.
O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) caiu 5,6 pontos percentuais frente ao trimestre anterior (53,5%), atingindo 47,9% no trimestre de abril a junho de 2020, o menor da série histórica. Frente a igual trimestre do ano anterior (54,6%), a queda foi de 6,7 p.p.
A taxa composta de subutilização (29,1%) foi recorde na série, com elevação de 4,8 p.p. em relação ao trimestre anterior (24,4%) e de 4,3 p.p. em relação a 2019 (24,8%).
A população subutilizada (31,9 milhões de pessoas) foi mais um recorde na série, crescendo 15,7% (4,3 milhões pessoas a mais) frente ao trimestre anterior (27,6 milhões) e 12,5% (3,5 milhões de pessoas a mais) frente a igual período de 2019 (28,4 milhões).
A população fora da força de trabalho (77,8 milhões de pessoas) atingiu o maior contingente da série e teve crescimento recorde em ambas as comparações: 15,6% (mais 10,5 milhões de pessoas) comparada ao trimestre anterior e 20,1% (mais 13,0 milhões de pessoas) frente a igual trimestre de 2019.
O percentual de desalentados em relação à população na força de trabalho ou desalentada (5,6%) foi recorde, com a alta de 1,2 ponto percentual tanto em relação ao trimestre anterior (4,3%) quanto a igual trimestre de 2019 (4,4%).
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos) caiu para 30,2 milhões, menor nível da série, 8,9% abaixo do trimestre anterior (menos 2,9 milhões) e 9,2% (menos 3,1 milhões) abaixo do mesmo trimestre de 2019.
O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (8,6 milhões de pessoas) também chegou ao menor nível, com queda de 2,4 milhões de pessoas (-21,6%) frente ao trimestre anterior e 2,9 milhões (-24,9%) frente ao mesmo período de 2019.
O número de trabalhadores por conta própria caiu para 21,7 milhões de pessoas, uma redução de 10,3% comparado tanto ao trimestre anterior quanto a igual período de 2019.
A categoria dos trabalhadores domésticos (4,7 milhões de pessoas) chegou ao menor nível da série, com quedas recordes em ambas as comparações: -21,0% frente ao trimestre anterior e -24,6% frente a igual período de 2019.
A taxa de informalidade foi de 36,9% da população ocupada, ou 30,8 milhões de trabalhadores informais, a menor da série, iniciada em 2016. No trimestre anterior, a taxa havia sido 39,9% e no mesmo trimestre de 2019, 41,2%.
O rendimento real habitual (R$ 2.500) aumentou 4,6% frente ao trimestre anterior e 6,9% frente ao mesmo trimestre de 2019. Já a massa de rendimento real habitual (R$ 203,5 bilhões de reais) recuou 5,6% (menos R$ 12,0 bilhões) em relação ao trimestre anterior e 4,4% em relação a 2019 (menos R$ 9,4 bilhões).
Tal realidade não deve ser atribuída apenas à pandemia, pois mesmo antes da emergência do novo coronavírus a economia brasileira já ia de mal a pior, com mais de uma dezena de milhões de pessoas desempregadas, no desalento e subocupadas. A causa principal do problema é a política neoliberal, antipopular e antinacional dos governos Temer e Bolsonraro.
De todo modo, os fatos indicam a necessidade de prorrogar pelo menos até 31 de dezembro o auxílio emergencial de R$ 600,00, assim como o prazo do seguro desemprego. Além disto, seria preciso ampliar significativamente os investimentos públicos com o objetivo de estimular a criação de empregos e amenizar a recessão, fortalecer o SUS, a reversão da indústria e o complexo industrial da saúde. Mas não é este o caminho que o Ministério da Economia, prisioneiro do fundamentalismo neoliberal, pretende trilhar.
Com informações do IBGE