Rodrigo Maia: “Eu não vejo nenhum tipo de crime atribuído ao presidente”
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que não encontrou base legal nos quase 50 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro enviados ao Congresso. “Destes que estão colocados, eu não vejo nenhum tipo de crime atribuído ao presidente, de forma nenhuma”. A declaração foi dada durante sua participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira 3.
Maia ainda disse que não vê motivação para um processo de impeachment contra o presidente, mesmo com a sua atuação em atos antidemocráticos.
“Não que não sejam questões graves, publicamente me manifestei em quase todos esses eventos que o presidente participou.” “Acho que o presidente comete vários erros, só que tem uma parte da sociedade que apoia o presidente também, apesar de minhas divergências com ele. Não vou ser pressionado para deferir algo que acho que não há crime”, completou.
Questionado sobre o porquê de não engavetar as propostas, ele justificou que isso tomaria o tempo do Congresso, que deve focar nas pautas sobre o coronavírus. “Estamos no meio de um processo de pandemia e qualquer decisão agora leva um recurso ao plenário e nós vamos ficar decidindo impeachment sem motivação para isso. É por isso que eu não decido.”
Maia ainda criticou a postura de Bolsonaro em meio à pandemia. “O presidente errou na questão de minimizar o impacto da pandemia, a questão da perda de vidas. Vamos chegar a 100 mil vidas perdidas. Ele minimizou, criou um falso conflito.”
Ele ainda considerou como “suicida” a agenda do governo em relação ao meio ambiente, sem um apoio devido de Bolsonaro ao tema. “O Brasil não vai crescer, nossa economia vai continuar patinando, o desemprego vai crescer mais que apenas o impacto da pandemia. Seria importante que o governo mudasse”, opinou.
O presidente da Câmara também abordou a questão tributária e disse que o pós pandemia pode ter como herança um alto índice de desemprego para os próximos anos. Maia ainda citou que o déficit primário não foi zerado, como o governo federal prometeu nas eleições, e que há um “drama” que não pode ser alocado para impostos.
“Não é justo que o orçamento público cresça de forma permanente sem nenhum decisão do poder executivo, que o orçamento continue indexado, que a qualidade do serviço público continue a mesma. Precisamos organizar as despesas do estado brasileiro”, afirmou.
Já sobre o PL das Fake News, Maia disse que o colocará em votação até o final do ano e que o texto aprovado deve garantir transparência. “Não queremos votar nenhum projeto que fere a liberdade de expressão, mas não podemos continuar aceitando que novas tecnologias continuem sendo instrumento de radicais.”
Ele ainda afirmou ter sido vítima de ataques nas redes sociais após convidar o youtuber e influenciador digital Felipe Neto para discutir e melhorar o projeto que se encontra na Câmara. “Como se a Câmara, que é a casa do povo, não pudesse ouvir uma pessoa que é seguida por 40 milhões de pessoas”, criticou.
Via: Carta Capital