Bancos públicos reforçam na pandemia papel estratégico para o desenvolvimento do Brasil
Os bancos públicos brasileiros como Caixa Econômica Federal, Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e Banco do Brasil estão sob a mira do ministro Paulo Guedes, titular da pasta da Economia no governo Bolsonaro. A postura é ameaça ao desenvolvimento do país e ao papel que os bancos exercem na melhoria da qualidade de vida da maioria da população. Lideranças sindicais dos bancários explicaram em live realizada nesta terça-feira (2) que as consequências da pandemia seriam mais graves sem a ação dessas instituições.
A live foi organizada pela Federação dos bancários da Bahia e Sergipe e reuniu como palestrantes Augusto Vasconcelos, presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, e Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), que também é bancário, esteve presente ao debate. O governador Flávio Dino, que também participaria da live, não conseguiu acessar por problemas técnicos e confirmou que estará disponível em nova data a ser definida com a Federação.
Na opinião do presidente da CTB, a defesa dos bancos públicos é um dos desafios que que se destacam no atual cenário de disputa política nacional. “Ficou muito claro depois do vídeo da reunião trágica em que a sociedade pode perceber os verdadeiros interesses que se escondem na nuvem do governo Bolsonaro e de Paulo Guedes”. De acordo com Adilson, a proximidade de Guedes com o sistema financeiro vai “jogando por terra” a retomada do desenvolvimento no país.
Augusto Vasconcelos mencionou reportagem em O Globo desta terça em que o presidente do Banco do Brasil afirma que o melhor é privatizar seguindo a cartilha de Paulo Guedes que, no vídeo que causou espanto no país, se refere ao Banco do Brasil com um palavrão. “Eles fazem isso pra desmoralizar essas instituições que prestam serviços à maioria da população do país”, avaliou Augusto.
Ele citou o artigo 192 da Constituição Federal que determina que o papel do sistema financeiro é o de promover o desenvolvimento equilibrado do país. “Não fazer isso é rasgar a Constituição. Nenhum país dos Brics, Rússia, China, Índia e África do Sul abre mão do papel estratégico dos bancos públicos, seja para atuar no financiamento de áreas importantes, como a indústria, a agricultura mas também pela sua atuação anticíclica”.
O dirigente informou que 86% das operações de crédito no nordeste são feitas a partir dos bancos públicos. “O que seria da região se não houvesse um Banco do Nordeste, um Banco do Brasil?”. Augusto completou que 70% do financiamento da agricultura é feito pelo Banco do Brasil, o que impacta a agricultura familiar que é responsável por 70% dos alimentos que vem à mesa do brasileiro. “É estapafúrdia a posição do governo federal. Precisamos nos levantar pra dizer não”.
Juvandia Moreira acrescentou que o Banco do Nordeste emprestou R$ 4 bilhões de reais nesta pandemia. “De março a abril o BNB disponibilizou sozinho R$ 4 bilhões em microcrédito. Muito mais do que foi emprestado naquele programa criado pelo governo com uma parcela pequena dos bancos privados”. A dirigente afirmou que os bancos privados receberam R$ 3 trilhões de reais, possuem acordo com o Banco Central para liberar empréstimo, estão com todas as condições mas quem está agindo na pandemia são os bancos públicos.
“Mais do que nunca temos que fazer a defesa dos bancos públicos e em especial do Banco do Brasil. Em vez de valorizar o funcionalismo publico, o governo trata como adversários os servidores e festeja o congelamento de salários. Este seria o momento de valorizar os trabalhadores públicos, as universidades, a ciência, os bancos públicos”, defendeu Juvandia.
A dirigente da CUT lembrou que este é o ano de eleições e que a disputa pelo Brasil que queremos deve levar em conta as eleições deste ano. “Aí na Bahia, vamos eleger o Augusto ou um candidato que defende os interesses do alto empresariado? Vamos eleger vereadores e prefeitos que tenham compromissos com os bancos públicos e com os interesses da classe trabalhadora ou vamos eleger aquele que vai colocar os interesses do empresariado em primeiro lugar, antes da vida, antes do povo?”, questionou Juvandia. Augusto Vasconcelos é pré-candidato a vereador pelo PCdoB da Bahia.
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Via: CTB-Nacinal