Frente ampla contra Bolsonaro se faz na prática
A resposta às ameaças públicas do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta tem muito a ensinar. Foi, no fundo, uma ação em defesa do Brasil e da saúde do povo. Para além do ministro, o que houve foi uma manifestação enfática em favor das medidas recomendadas por quem tem autoridade para falar do assunto, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), as autoridades médicas e profissionais de saúde de nosso país.
Bolsonaro, por sua vez, enveredou pela radicalização da sua mesquinharia, comportamento condizente com seu pendor autoritário e sua prática que se limita ao submundo político. Demonstrando seu proverbial egoísmo típico de quem se corrói pelo protagonismo de outros que ele, sem méritos próprios, não tem capacidade de exercer, não pensou duas vezes em ignorar o drama em que o povo se encontra.
Não sem motivo, seu isolamento se acentuou, agora com manifestações incisivas de representantes do Congresso Nacional – em especial, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e bancadas representativas –, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), especialistas e lideranças dos movimentos populares. Formou-se um amplo leque de forças para impedir mais uma ação irresponsável do presidente.
O que uniu esse espectro foi o que estava por trás da intenção de Bolsonaro – sua reiterada posição contrária ao isolamento social contra a propagação do coronavírus, a Covid-19. A percepção de que a mesquinharia do presidente poderia potencializar a tragédia da pandemia mobilizou esses setores e pode ser ampliada em favor de outras medidas, também essenciais para a vida do povo.
As principais e mais urgentes são manutenção dos empregos e a garantia da renda dos trabalhadores. Assim como a saúde, esses dois aspectos, abandonados pelo governo Bolsonaro, precisam de socorro urgente. E isso passa por garantias à economia nacional, assegurando a sobrevivência das cadeias produtivas. A crise sacrifica com mais intensidade as micro, pequenas e médias empresas. A mobilização em torno dessa questão também precisa ser ampla e incisiva.
Um bom exemplo nesse sentido é o movimento que aglutinou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns (Comissão Arns), a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em “torno de um pacto pela vida e pelo Brasil”.
O movimento, dizem as entidades, soma suas forças para “pedir a união de toda sociedade brasileira, de todos os seus cidadãos, governos e Poderes da República, e formar uma ampla aliança para enfrentar a grave crise sanitária, econômica, social e política que vive o país”. “É hora de entrar em cena no Brasil o coro dos lúcidos, fazendo valer a opção por escolhas científicas, políticas e modelos sociais que coloquem o mundo e a nossa sociedade em um tempo, de fato, novo”, diz o movimento.
Nessa ampla frente, também cumprem papel decisivo os governadores, o fórum das centrais sindicais e outros segmentos representativos da sociedade brasileira. Os partidos políticos são outra força de grande peso. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), por exemplo, tem advogado com ênfase essa ação convergente e ampla, dando a ela um caráter de frente de salvação nacional.
Via Portal Vermelho