Capitalistas usam racismo para ampliar exploração da classe trabalhadora no Brasil
Não são muitas as razões para comemoração neste 20 de novembro, “Dia da Consciência Negra”, em que milhares de trabalhadores e trabalhadoras vão às ruas do país em manifestações contra o racismo e pela igualdade. As mais recentes estatísticas divulgadas pelo IBGE revelam que o racismo é usado em nosso país pelos capitalistas para intensificar a exploração da força de trabalho.
Nada menos do que 65% dos desempregados do país são negros ou pardos e a taxa de desemprego, que em média está em 11,8%, sobe a 14,9% entre os negros. Na informalidade, onde em média estão situados 41,5% da população economicamente ativa, o percentual de negros e pardos é de 47,3% contra 34,6% dos brancos.
Ensino superior:
Um dado positivo é que, pela primeira vez na história, os negros do Brasil são maioria (50,3%) nos espaços de ensino superior público. O maior acesso à educação resulta das políticas afirmativas implementadas pelos governos Lula e Dilma, com destaque para as cotas. Todavia, isto não se traduz ainda em melhores empregos, melhores salários e nem ao menos mais representação política para essa população.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) expõem o cenário de desigualdades estruturais que o País enfrenta em relação às populações branca e pretos e pardos.
Por meio de análise de indicadores da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), o estudo Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil permitiu um mergulho nas taxas que reforçam as desigualdades entre brancos e pretos ou pardos (99% da população brasileira em 2018) ligadas ao trabalho, à distribuição de renda, à moradia, à educação, à violência e à representação política.
Veja alguns dos principais índices expostos pelo relatório.
Educação
Pela primeira vez, em 2018, a população que se declara preta ou parda representou mais da metade (50,3%) dos estudantes de ensino superior da rede pública. No entanto, essa população ainda continua sub-representada nesses espaços, já que compõem a maioria da população brasileira (55,8%).
Salários:
A desigualdade de acesso à educação superior reflete também nos índices de salários nacionais. Enquanto o rendimento mensal das pessoas brancas ocupadas era de R$ 2.796, o da população preta ou parda era de R$ 1.608, reforçando uma diferença de 73,9% entre os salários. Isto significa que a taxa de exploração (ou de mais-valia, segundo Karl Marx) da população negra é significativamente maior, numa evidência de que o racismo é usado pelos capitalistas para ampliar seus lucros.
Em relação às mulheres pretas ou pardas, quando comparadas com homens brancos, elas receberam menos da metade do salário deles (44%), o que faz com que elas continuem na base da desigualdade de renda no Brasil.
Outro dado que reforça o gap estrutural no País é o fato de que os brancos com nível superior completo também ganham cerca de 45% a mais por hora comparado aos pretos ou pardos com o mesmo nível de instrução.
Mercado de trabalho:
Os dados do IBGE demonstram ainda que os pretos ou pardos representavam 64,2% da população desocupada e 66,1% da população subutilizada em 2018. E, enquanto 34,6% dos trabalhadores brancos estavam em ocupações informais, entre os pretos ou pardos esse percentual era de 47,3%.
Do ponto de vista de carreira, a desigualdade também é enorme. Somente 29,9% dos cargos gerenciais do Brasil são exercidos por pessoas pretas ou pardas. Já os cargos de chefia, que consequentemente têm a maior renda, são amplamente ocupados por pessoas brancas (85,9%).
Distribuição de renda:
Em relação à distribuição de renda, os pretos ou pardos representavam 75,2% do grupo formado pelos 10% da população com os menores rendimentos do País. Entre os 10% mais ricos, apenas 27,7% não são brancos.
Violência:
Em relação às taxas de violência no Brasil, a de homicídios dos pretos ou pardos segue superior a dos brancos.
Enquanto o indicador de homicídios manteve-se estável na população branca entre 2012 e 2017, o assassinato de pretos ou pardos subiu mais de 6 pontos: passou de 37,2 para 43,4 homicídios por 100 mil habitantes.
O índice é maior entre os jovens homens negros. A taxa de homicídios entre a população de pretos ou pardos de 15 a 29 anos do sexo masculino foi de 185,0 por 100 mil habitantes.
Representação política:
A tendência de desigualdade é refletida nos níveis de representação da política.
Apenas 24,4% dos deputados federais e 28,9% dos deputados estaduais são pretos ou pardos. Para mulheres negras, o cenário é ainda pior. Elas compõem apenas 2,5% dos deputados federais e 4,8% dos deputados.
Via CTB-Nacional