A eleição de Jair Bolsonaro em 28 de outubro significa a continuidade e o aprofundamento do golpe de Estado de 2016, que inaugurou no Brasil uma era de retrocesso para a democracia, a soberania, o desenvolvimento nacional e os direitos e conquistas da classe trabalhadora.
Um capítulo decisivo deste golpe, que abriu caminho à vitória da extrema direita, foi a prisão injusta do ex-presidente Lula. O maior líder popular da nossa história teria vencido o pleito provavelmente já no primeiro turno, mas teve sua candidatura interditada e foi impedido até de ser entrevistado.
Bolsonaro contou com o forte apoio do empresariado, inclusive com o financiamento ilegal de sua bilionária campanha de mentiras no Whatsapp, é o político das classes dominantes, que prometeu implantar a agenda dos banqueiros, dos latifundiários, das multinacionais e da Casa Branca. É eloquente o fato de ter prestado juramento à bandeira dos EUA e jurado lealdade a Donald Trump em Miami. Ele quer aprofundar a obra de restauração neoliberal iniciada por Temer.
No plano econômico acena com a radicalização da política fiscal, preservando o congelamento dos gastos e procurando zerar o déficit público primário, que neste ano deve ficar em torno de R$ 150 bilhões. Isto significa cortes ainda maiores nos investimentos em saúde, educação, habitação e infraestrutura, além de arrocho para o funcionalismo. Anuncia novas privatizações, uma reforma da Previdência igual ou pior do que a proposta por Temer, bem como uma nova carteira de trabalho sem as garantias da CLT, com os termos do contrato sendo negociados diretamente entre patrão e empregado.
No plano político é uma temeridade maior. Bolsonaro apoia a tortura, já homenageou um notório torturador, disse que vai enquadrar organizações como o MST e MTST na Lei Antiterrorista, pregou o fim dos sindicatos e sugeriu que a oposição terá três caminhos: a capitulação, a prisão ou o exílio. É uma óbvia ameaça à democracia.
A classe trabalhadora e o movimento sindical devem organizar desde já a resistência e, ao mesmo tempo, trabalhar pela construção da mais ampla frente democrática para lutar contra o arbítrio, defender a aposentadoria, a CLT e o SUS, a soberania, a liberdade e o desenvolvimento nacional.
São Paulo, 29 de outubro de 2018
ADILSON ARAÚJO, presidente da CTB
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