A economia brasileira começou o ano de 2018 em contração, apesar de o governo alardear a retomada do crescimento. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB), teve queda de 0,56% na comparação entre janeiro e dezembro. Os dados são mais um sinal de que, embora a economia tenha saído tecnicamente da recessão em 2017, registrando um pífio crescimento de 1%, o país ainda está distante de uma recuperação forte e sustentada.
O índice do Banco Central incorpora informações sobre o nível de atividade de três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos. Esse último resultado mostra que a situação da economia é diferente daquela alardeada pela gestão Michel Temer, que insiste em dizer que o país “entrou nos trilhos” e as dificuldades ficaram no passado.
O fato é que o diminuto crescimento de 2017 está longe de compensar o recuo de 7% do PIB entre 2015 e 2016. As políticas que o governo alardeava como necessárias para recuperar a confiança do empresariado e recuperar os investimentos não surtiram efeito, como alertavam vários economistas.
O pequeno avanço de 2017 somente aconteceu graças ao avanço recorde da produção agropecuária e à ligeira expansão do consumo, acarretada pela liberação dos saldos das contas inativas do FGTS, algo que não tem como se repetir neste ano.
A aprovação de medidas controversas e prejudiciais aos trabalhadores, como a reforma trabalhista - apesar de serem demandas do empresariado que apoiou o impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff - não se transformaram em mais investimentos e empregos para aquecer a economia.
O índice de desemprego estava em 12,2% em janeiro, atingindo 12,7 milhões de pessoas. As poucas vagas criadas no último período são na informalidade, sinalizando a precarização do mercado de trabalho. Números do IBGE para o mesmo mês indicam uma queda de 1,9% no setor de serviços, que representa cerca de 75% do PIB e é o que mais emprega no país.
Os indicadores expõem o fracasso do discurso da gestão. Analistas apontam que não há estratégia para recuperar a economia em curso. E pior: a obsessão da gestão pelos cortes (seletivo) no orçamento findou por sufocar ainda mais a economia nacional. A Emenda Constitucional do teto de gastos engessou o Estado, que ficou impossibilitado de exercer seu papel de indutor do desenvolvimento. A nova regra fiscal tampouco permitiu ao governo reduzir seu endividamento.
Mas a equipe de Temer continua insistindo em que cumprir a cartilha neoliberal - promovendo medidas de austeridade, privatizando o patrimônio público, entregando o pré-sal e aprovando reformas anti-povo – tem dado resultados positivos. Os números, contudo, persistem em mostrar algo diferente.
* Portal Vermelho e agências