Para CTB, é preciso compatibilizar avanço tecnológico com empregos e direitos
Dirigentes da CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), incluindo o vice-presidente nacional, Nivaldo Santana, debateram, na manhã desta quarta-feira (18/10), como as novas tecnologias devem mudar o mundo do trabalho nos próximos anos, em mesa-redonda que integra o seminário preparatório do Fórum Social Mundial 2018, no campus da UFBA, em Ondina.
O debate ‘A Quarta Revolução Industrial e a Precarização do Trabalho: sobre os impactos da indústria 4.0’, contou ainda com as presenças do professor da Unicamp, Anselmo Santos, do dirigente sindical do Marrocos, Abdelkader Zraih, do secretário de Relações Internacionais da CTB-BA, Aurino Pedreira, da secretária de Formação da CTB-Bahia, Inalba Fontenelle, e de representantes da CUT-BA.
Para Nivaldo Santanta, o debate toca em um dos temas mais importantes da agenda mundial, diretamente relacionado ao futuro da humanidade. De acordo com ele, duas questões são fundamentais: a primeira é a de que o Brasil, país de grandes proporções territorial e populacional, precisa estar na vanguarda do desenvolvimento científico e tecnológico, “para não perder o bonde da história”. E segundo, que as alterações trazidas pelos avanços tecnológicos não podem gerar desemprego e precarização do trabalho.
“Frente a esse quadro de mudanças, é necessário uma ação organizada dos sindicatos e forças políticas progressistas para compatibilizar inovação tecnológica com desenvolvimento humano, de maneira que a tecnologia não sirva para o empobrecimento da imensa maioria e o enriquecimento de apenas alguns poucos”, afirmou Santana.
O professor Anselmo Santos chamou a atenção para o fato de que o capitalismo não tem, em suas bases e lógica, qualquer compromisso com a humanidade, o meio ambiente ou o planeta. Para ele, é necessário que os trabalhadores e trabalhadoras estejam sempre se organizando e lutem por condições socioeconômicas mais equilibradas e por direitos que freiem a avidez capitalista por lucro.
Abdelkader Zraih, do Fórum Marroquino de Alternativas, pontuou a importância de se construir caminhos alternativos para o enfrentamento tanto da ofensiva capitalista quanto dos avanços tecnológicos e seus impactos negativos no mundo do trabalho, sendo o Fórum Social Mundial uma excelente alternativa para essa construção.
Aurino Pedreira, que atuou como mediador, explicou que a intenção da mesa-redonda é provocar reflexões sobre esse futuro próximo, no qual as relações de trabalho serão alteradas pela especialização tecnológica. “Precisamos refletir nas inversões desse novo momento. Antes, as máquinas faziam o trabalho que os homens não podiam fazer. Em um futuro bem próximo, os homens farão o trabalho que as máquinas não poderão fazer. Isso é muito sério”.
Inalba Fontenelle destacou a importância da mulher não apenas nas atividades sindicais, mas na própria luta social. Para ela, qualquer grande mudança vivida hoje na sociedade, terá a participação, a avaliação e a inserção das mulheres, que “cada vez mais, têm deixado o espaço do privado, para fazer a luta social, para lutar pela transformação da sociedade”.
Além dos presentes à mesa, vários dirigentes sindicais prestigiaram o debate, como o presidente da CTB-BA, Pascoal Carneiro; os diretores Ailton Araújo, Silvio Pinheiro e Flora Briosche; o presidente recém-eleito do PCdoB Salvador, Everaldo Augusto (Sindicato dos Bancários da Bahia), entre outros.
A mesa-redonda é uma prévia da série de debates que acontecerão em Salvador, em março do ano que vem, durante o FSM 2018. Representante da CTB na organização e facilitação do fórum, Flora Briosche acredita que o evento é uma importante oportunidade para dar visibilidade aos inúmeros e plurais sujeitos que têm protagonizado a resistência anticapitalista, anti-imperialista e anti-opressão.
O papel das centrais sindicais tem sido colocar o mundo do trabalho no centro do debate. “A viabilidade e utilidade do FSM, neste momento do país, é imprescindível, quando estão em risco não apenas as políticas sociais, mas a própria democracia. O FSM não deve ser apenas um simples fórum de discussão, mas um espaço de tomada de decisão, com encaminhamentos e orientações concretas”, comentou.
Fotos: Flora Briosche e Ailton Araújo, CTB-BA