A 40 dias da entrada em vigor da Lei 13.467, que altera a legislação trabalhista, os metalúrgicos e outras categorias do setor industrial se uniram e reafirmaram que as mudanças na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) não serão implementadas nas convenções coletivas. Trabalhadores ligados a diversas centrais sindicais reafirmaram que não aceitarão perda de direitos.
Os metalúrgicos enfatizaram a necessidade de resistência contra a implementação de normas prejudiciais aos trabalhadores. Chegaram a afirmar que a escravidão já foi legalizada no país e só foi abolida com movimento nas ruas. A categoria aprovou, ainda, uma carta-manifesto das centrais.
Participaram do ato, representantes da CTB, CUT, Força Sindical, Intersindical, CSP-Conlutas e CGTB. Além de metalúrgicos, estavam presentes dirigentes do setores de construção civil, alimentação, químicos e petroleiros, além do funcionalismo público federal, entre outros.
O presidente da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal, ligada à CTB), Marcelino da Rocha, afirmou que a mobilização da categoria é uma resposta aos "gananciosos deste país". "Não vamos permitir que continuem nos roubando. No dia 10 de novembro a nossa bandeira é única."
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Paulo Cayres, afirmou que vai ter luta. "Vai ter resistência, vai ter enfrentamento. Vamos derrotar essa reforma nefasta", afirmou.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), ligada à Força, Miguel Torres, o movimento sindical mostrou "maturidade" ao se unificar em torno do tema. Ele afirmou que a reforma trabalhista faz parte de um processo de "desnacionalização e entreguismo" em curso no país, em benefício do mercado financeiro. "Nós vimos este ano que a luta de classes não acabou. A unidade das centrais tem de passar também pelo chão de fábrica."
Em alguns locais, as empresas já tentam impor mudanças com base na lei que ainda não entrou em vigor. Na base metalúrgica da CUT em São Paulo, por exemplo, o G3 (grupo patronal que inclui o setor de autopeças) insiste há algum tempo em alterações de cláusulas sociais, como a de estabilidade para trabalhador acidentado ou com doença ocupacional. Em campanha salarial – a data-base é 1º de setembro –, os trabalhadores têm feito protestos na fábricas.
Na cidade goiana de Catalão, a Mitsubishi quer excluir o Sindicato dos Metalúrgicos das negociações sobre participação nos lucros ou resultados (PLR), diz o presidente da entidade, Carlos Albino de Rezende Júnior. Segundo ele, essa negociação já ocorre há 13 anos, mas a empresa agora quer discutir apenas com uma comissão e, de acordo com Albino, iniciou um processo de "terrorismo" contra a entidade sindical.
"Temos de nos preparar. Não vamos cumprir essa lei e não vamos deixar que os patrões cumpram", afirmou Emanuel Melato, do sindicato de Campinas, interior paulista, e da coordenação da Intersindical. "A unidade é garantia de impedir que as empresas apliquem essa reforma."
"Se os patrões se uniram pensando que iam aplicar facilmente a reforma trabalhista, vão encontrar uma pedreira", disse Luiz Carlos Prates, o Mancha, da executiva da CSP-Conlutas. "É preciso enfrentar o descalabro que acontece neste país com o governo Temer", acrescentou.
Informações: Rede Brasil Atual