Médicos de Camaçari protestam por mais segurança

Geral CTB Geral 19/05/2016

Com o apoio do Sindimed, os médicos de Camaçari fizeram um ato público na manhã desta quarta-feira (18/5), em frente à prefeitura da cidade, pedindo especialmente mais segurança nas unidades de saúde depois do último episódio na UPA Abrantes na sexta-feira (13). Após mais de um mês de mobilização sem nenhuma resposta, os médicos chegaram a pressionar por uma reunião imediata, mas o assistente de gabinete informou que não havia disponibilidade na agenda do prefeito. Diante disto, ficou marcada uma reunião com o secretário de saúde do município, o prefeito e a secretária de governo, para a próxima sexta-feira, 20, às 14h.

A diretora do Sindimed, Denise Andrade, esteve presente no ato. De acordo com a diretora, o prefeito se comprometeu a resolver o problema em dois meses, mas o prazo já está expirado desde o dia 12 de março. Fazendo alusão aos inúmeros casos de insegurança que têm ocorrido nas UPAs, Denise fez questão de enfatizar o fator segurança como pauta essencial. “A questão da segurança é fundamental, não é apenas para os médicos, ganham os pacientes, ganham os funcionários. A questão salarial e de equipamentos também são fundamentais”, sinalizou.

Uma médica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Monte Gordo, que preferiu não se identificar, fez questão de lembrar o fato ocorrido no final do ano passado, quando o segurança do posto foi rendido e pegaram sua arma. “Havia pacientes e eles atiraram contra o posto, felizmente não pegou no segurança, estamos vivendo essa situação de insegurança total. Após o ocorrido, um grupo da prefeitura chegou e desarmou os seguranças, sob a alegação de que estaríamos mais seguros”, comentou. 

O coordenador regional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Everaldo Vieira, esteve presente e sinalizou o apoio da entidade ao movimento. O objetivo do protesto foi reforçar a continuidade da greve e cobrar do prefeito urgência em apresentar uma proposta para as reivindicações postas pelos profissionais. Os médicos exigem, principalmente, melhorias nas unidades de saúde, segurança efetiva no ambiente de trabalho e reposição salarial das perdas inflacionárias.

Um fato curioso, relatado pelos participantes do ato, foi que os funcionários do gabinete alegaram que o secretário de saúde não poderia recebê-los, porque estaria viajando. Entretanto, ele passou entres os pedestres caminhando. Fato que reforça a falta de vontade política e o descaso no atendimento às reivindicações, mas os profissionais não vão recuar.

"Só vamos voltar quando o prefeito e secretário de saúde perceberem que uma saúde digna é serviço essencial à população. Eles ainda estão vindo ocupar seus cargos ignorando o que está acontecendo, mas não iremos ceder", disse a ginecologista e obstétra da Unidade Básica de Camaçari de Dentro, Indira Oliveira.

A greve dos médicos se iniciou no fim de março, quando decidiram em assembleia aderir ao movimento do funcionalismo municipal, com pauta de reivindicações específica da categoria. O prefeito, secretário de Saúde, Cremeb, Sesab, Ministério Público da Bahia, Ministério Público do Trabalho, Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e o arcebispo primaz do Brasil, dom Murilo Kreieger foram comunicados do movimento, porém até o momento não houve resposta às reivindicações.

Relembre o caso

 No último dia 13 de maio, mais um lamentável episódio de violência contra um profissional da saúde foi registrado, quando no final da tarde, na UPA de Abrantes, um homem armado entrou da Unidade, procurando o médico de plantão para atentar contra sua vida. Desde o 23 de dezembro de 2015, quando as UPAs entraram em greve pela primeira vez, que os profissionais cobram segurança para trabalhar e também para os pacientes. Casos de ameaças, agressões e atentados vem se multiplicando. Um segurança da UPA de Gravatá já foi baleado e um dentista da UPA de Arembepe foi atacado e agredido no local de trabalho. Os médicos retomaram o trabalho no dia 11 de janeiro com a promessa de os problemas nas unidades seriam solucionados, mas as demandas não foram atendidas.

Fonte: Sindimed Bahia.