Auxílio emergencial de Bolsonaro não cobre nem metade da cesta básica

Auxílio emergencial de Bolsonaro não cobre nem metade da cesta básica
Em muitas capitais, mais da metade do salário mínimo está comprometido com a cesta básica. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Coronavírus 09/03/2021 Escrito por: Romice Mota

Segundo o Dieese, em fevereiro, a cesta básica em Florianópolis alcançou R$ 639,81, seguida pela de São Paulo (R$ 639,47), Porto Alegre (R$ 632,67), Rio de Janeiro (R$ 629,82) e Vitória (R$ 609,27)

Em 12 meses, ou seja, entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021, o preço do conjunto de alimentos básicos teve alta em todas as capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Na pesquisa de fevereiro de 2021, quando o país já manifestava recordes diários de mortes pela Covid-19 e o auxílio emergencial já estava suspenso há dois meses, o preço da cesta básica estava em R$ 639,47 em São Paulo, por exemplo. Em Florianópolis, alcançou R$ 639,81, Porto Alegre, R$ 632,67; Rio de Janeiro, R$ 629,82, e Vitória, R$ 609,27.

Embora diversos setores da sociedade estejam defendendo a renovação imediata do auxílio emergencial de R$ 600 – baseado no valor da cesta básica, ou seja, no mínimo necessário para a subsistência de uma pessoa adulta – o governo de Bolsonaro está pressionando o Congresso Nacional pela aprovação de um programa que pagará, em média, R$ 250. O valor “compra” apenas 32% da cesta de São Paulo.

“Nós acompanhamos os índices de custo de vida e fazemos a pesquisa nacional da cesta básica de alimentos. Estamos vivendo um processo inflacionário que afeta sobretudo as famílias mais pobres. Portanto, o valor de R$ 600 para o auxílio emergencial é condizente com o valor da cesta básica”, defende Victor Pagani, supervisor técnico do Dieese.

O aumento acumulado em dozes meses de pandemia chegou a quase 30% em algumas capitais, tornando mais difícil a vida da legião de desempregados e trabalhadores informais que ficaram sem renda.

Concomitante ao aumento dos preços, o desemprego atingiu níveis históricos. A renda emergencial de R$ 600, aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado, passou a ser a única fonte de sustento de milhões de brasileiros – que, contudo, foi cortada à metade pelo governo federal antes de ser definitivamente suspensa em 2021, em meio ao recrudescimento da pandemia da Covid-19 e da crise econômica. O ano passado, o Produto Interno Bruto encolheu 4,1% e as previsões para o primeiro trimestre deste ano são todas negativas.

“Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em fevereiro, na média, 54,23% do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em janeiro, o percentual foi de 54,93%”, diz o Dieese.

 

Fonte:Hora do Povo