Coordenadora da CTB-Bahia é a única mulher eleita para a próxima legislatura da Câmara de Vereadores de Itabuna

Coordenadora da CTB-Bahia é a única mulher eleita para a próxima legislatura da Câmara de Vereadores de Itabuna
Publicado por Romice Mota

Geral 14/12/2020 Escrito por: Romice Mota

Wilmaci Oliveira, conhecida como Wilma, única vereadora eleita em Itabuna, é servidora pública municipal e está presidênta do Sindicato das Servidoras e dos Servidores Municipais de Itabuna (Sindserv) . Casada, tem duas filhas (Heloísa e Maria Clara). Nasceu na pequena Piabanha, distrito de Camacã, no sul do estado, há 433 quilômetros de Salvador, onde passou a infância. Adolescente, fixou residência em Itabuna, onde trabalhou no comércio. Em 2008 ingressa no serviço público como Técnica em Saúde Pública.

Em 2009 participa da refundação Sindserv como dirigente de Comunicação. Já em 2013 é eleita presidenta do Sindicato. É nas suas gestões a categoria conquista o ticket alimentação, Plano de Cargos Salários e Remuneração dos servidores do Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães. Está coordenadora da Regional Sul da CTB-Bahia.

Wilma é graduada em Serviço Social e pós-graduada em Gestão Pública Municipal. Seu mandato terá como eixos principais a defesa dos direitos da classe trabalhadora; valorização do funcionalismo público municipal; qualificação dos serviços públicos; defesa das mulheres; mobilidade urbana.

A Câmara de Itabuna é composta por 21 cadeiras e a presença de uma única vereadora expõe a sub-representação feminina no município, onde as mulheres são maioria entre a população (53%, segundo o IBGE).

Para conhecer a vereadora Wilmaci Oliveira (PCdoB), a CTB-Bahia, traz uma ideia central. O objetivo dos questionamentos é mostrar para população o que pensa essa grande e combativa mulher, que tem uma história brilhante no movimento sindical e terá um futuro promissor ocupando uma cadeira na Câmara Municipal de Itabuna.

Confira a entrevista.

 

Como foi feita sua campanha?

A campanha foi muito difícil, com esse cenário da pandemia que limitou muito as ações para todos vinculados ao campo progressista, que tem no contato direto e o diálogo franco com o povo seu principal instrumento.

Por ser mulher, foi ainda mais difícil em uma sociedade ainda muito machista. O voto na mulher ainda é alvo de muito preconceito, até pela falta de tradição de participação das mulheres nos espaços de poder. Em especial mulheres que lutam para construir sua trajetória política própria. Mas permanecemos na resistência, acreditando que é possível transformar essa realidade.

 

Quais os projetos que pretende desenvolver na Câmara Municipal?

Os projetos que pretendo desenvolver serão voltados para a melhoria das condições de vida do nosso povo. Os pontos mais preocupantes e sensíveis em nossa cidade, como a saúde e a educação estarão no foco, assim como questões relativas aos direitos das mulheres, sobretudo nesse cenário em que crescem muito os casos de violência de todos os tipos, moral, sexual, atentados à integridade física e até à vida.

 

O você espera do prefeito Augusto Castro?

Temos uma expectativa positiva, considerando que ele é novo gestor, nunca passou pela Prefeitura. Também, com a terra arrasada que Itabuna está, a gente renova nossas esperanças que o ele tenha sensibilidade com as causas mais importantes da cidade, como saúde infraestrutura e, sobretudo, com o maior patrimônio da prefeitura municipal, que são os trabalhadores e trabalhadoras, que sofrem tudo que o conjunto da população, e ainda passam por vários problemas de desrespeito em seu papel fundamental de servidores do público.

 

O que acha do governo Bolsonaro?

O governo Bolsonaro é muito complicado. Insensível, sem política para nosso povo, sobretudo nessa pandemia em que vivemos um momento tão difícil. Também, não tem política de desenvolvimento, nem para diminuir o sofrimento do povo. Ainda vai acabar com o auxílio emergencial, que foi uma conquista da sociedade. Todo dia deve ser de luta para enfrentar os desmandos desse governo.

 

Como se sente sendo a única mulher eleita vereadora em Itabuna?

Me sinto com uma grande responsabilidade. É muito preocupante, mas, para nós que somos engajadas na luta de defesa dos direitos das mulheres, dos movimentos sociais, questionamos fortemente porque uma Câmara com 21 vagas só tem uma mulher. Sobretudo porque nós vamos combater o machismo, pautar as demandas das mulheres que muitas vezes são consideradas pela maioria da sociedade machista como algo irrelevante. Então, também somos alvos por essa condição de ser feminista e lutar para que sejamos respeitadas, que tenhamos igualdade de oportunidades.

Porque sempre que tem crise, econômica ou sanitária, como estamos vivendo, o maior impacto é sobre as mulheres, e principalmente as mulheres pobres e negras. Então, nós temos um olhar para isso também. Lutamos contra essa realidade, para transformá-la.

E hoje nós vivemos numa sociedade que banaliza e naturaliza essa violência institucionalizada contra as mulheres, que está inserida na cultura.

E sabemos que "desconstruir" cultura, não é coisa fácil. Então, é um desafio para mim, mas eu sei que não estou sozinha. Representamos 53% do eleitorado de nossa cidade e tenho certeza que serei acolhida por essas mulheres.

Essa posição nos coloca numa condição mais confortável, mais robusta com essa solidariedade das próprias mulheres da nossa cidade. Temos também um campo de mulheres progressistas muito bom. Mulheres comprometidas com essas lutas. Então, isso nos fortalece. Sabemos que não será coisa fácil, mas estamos dispostas a fazer o enfrentamento, a resistência e travar os grandes debates que interessam às mulheres na Câmara de Vereadores.

 

O que os trabalhadores podem esperar do seu mandato?

Nosso mandato, certamente, terá um compromisso direto com a classe trabalhadora. Minha origem é nos movimentos sociais. Sou do movimento sindical, estou na presidência do Sindicato dos Servidores Municipais e na Diretoria Regional da CTB, nossa central a qual grande parte dos sindicatos da cidade são filiados. Nesse papel, também temos boas relações com a maioria dos sindicatos urbanos e rurais da região, pois também participo do esforço de organização de movimentos diversos na Frente Brasil Popular.

Sou totalmente comprometida com a luta pelos direitos da minha categoria e de toda a classe trabalhadora. Sei que vivemos um ambiente muito difícil no mundo do trabalho. Os ataques a nossos direitos não cessam. Então, precisamos ficar sempre alertas.

Essa proposta do governo federal de Reforma Administrativa ameaça todo o serviço público com a instabilidade no nosso emprego e a desvalorização de nossa função na sociedade.

Nosso mandato estará a serviço para travar o debate sobre a necessidade de valorização do trabalho em todos os seus aspectos, tanto no serviço público, quanto no conjunto das categorias, inclusive os desse novo segmento de trabalho precarizado, sem vínculos empregatícios, como o das pessoas que prestam serviços a aplicativos como Uber, Ifood, etc.

Considero central ter uma preocupação com o tamanho do desemprego em nosso país e em nossa cidade, que não é diferente. É necessário debater com todas as instâncias de governo a construção de políticas públicas que favoreçam o desenvolvimento, com estímulos às pequenas e médias empresas e a geração de emprego e renda.

Nos preocupamos com a necessidade de qualificação de mão-de-obra, do estímulo à economia solidária, aos trabalhadores autônomos, hoje tão chamados de "empreendedores", mas, que na prática, é o nosso povo que sempre se virou para lutar pela sobrevivência e para sustentar suas famílias.