Desemprego dispara e população ocupada cai 5,2%, segundo IBGE

Desemprego dispara e população ocupada cai 5,2%, segundo IBGE

Geral 28/05/2020 Escrito por: Romice Mota

 

Os fatos vão evidenciando que a vítima maior da crise sanitária e econômica em curso no país é a classe trabalhadora, que arca com um duplo ônus. 

Em primeiro lugar, é mais vulnerável ao coronavírus, o que é verdade principalmente para os trabalhadores e trabalhadoras que têm de sair de casa para trabalhar e os mais pobres que povoam as periferias. É também a que sofre mais intensamente com a recessão econômica, que já teve ingresso e tudo indica que será a maior da nossa história. A tendência à alta deve prosseguir e até o final podemos ter 20% da PEA desempregado. É o retrato de uma economia doente.

Desemprego e desalento

O desemprego avançou 1,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (novembro de 2019 a janeiro de 2020, quando a taxa ficou em 11,2%). Em números absolutos são 12,8 milhões de pessoas sem emprego, um crescimento de 7,5% (898 mil pessoas a mais). Acrescentando os desalentados este exército de reserva do capital, como foi definido por Karl Marx, soma 17,8 milhões almas.

A população desalentada (5 milhões) foi recorde da série, crescendo 7% em relação ao trimestre anterior. São trabalhadoras e trabalhadores desempregados que desistiram de procurar emprego, deixam de ser computados na População Economicamente Ativa (PEA) e não são considerados na taxa de desemprego aberto (12,6%) do instituto. Esta considera apenas os que procuraram um novo emprego nos 30 dias anteriores à realização da pesquisa.

A queda da população ocupada (89,2 milhões) foi bem mais acentuada do que sugere a taxa de desemprego: 5,2% em relação ao trimestre anterior, ou 4,9 milhões de pessoas a menos, e de 3,4% (3,1 milhões de pessoas a menos) em relação ao mesmo trimestre de 2019. Ambas as quedas foram recordes da série histórica, informa o IBGE.

Caged

Já os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) indicam que mais de 860 mil postos de trabalho formal foram fechados no Brasil somente no mês de abril. Também é o pior resultado de toda a série histórica. Somado ao saldo de março (que registrou fechamento de 240 mil vagas formais), revela deterioração ainda maior do mercado de trabalho e da qualidade do emprego em meio à pandemia.

A este quadro de horror econômico se alia o fundamentalismo neoliberal de Bolsonaro e Guedes, cuja agenda elege como prioridades a destruição dos direitos e conquistas da classe trabalhadora, congelamento dos investimentos e reversão das políticas públicas, privatizações e Estado mínimo.

A ofensiva das forças do capital contra a classe trabalhadora impulsionada após o golpe de 2016 não encontra paralelo na história brasileira. Nem mesmo o regime militar, malgrado as perseguições de sindicalistas e intervenções nos sindicatos, foi tão longe contra o Direito do Trabalho e a organização sindical.

A interrupção deste retrocesso, que tem dimensões históricas, pressupõe uma mudança radical da política econômica e, por extensão, a alteração da correlação de forças no campo político e a derrota do neoliberalismo. A grande pedra neste caminho é o governo neofascista de Jair Bolsonaro

Via: CTB-Nacional