Como parte das atividades do Novembro Negro da CTB Bahia, a Central e a UNEGRO (União de Negros e Negras pela Igualdade) realizaram o seminário "Da 1° Marcha Zumbi dos Palmares à PEC 27: 30 anos de busca por justiça e reparação". O encontro foi realizado nesta quarta-feira (19), de forma híbrida - presencial no Sindicato dos Bancários e pela plataforma ZOOM.
O debate contou com as presenças de Jerônimo Silva (secretário nacional de Combate ao Racismo da CTB); Suely Santos (Coordenadora da Casa da Mulher Negra da Bahia); Ubiraci Matildes (Sanitarista, ativista do Movimento Negro e Coordenadora Executiva do Fórum de Mulheres Negras); e Raimundo Coutinho (militante do movimento negro, sindicalista e capoeirista).
A mediação foi de Marina Duarte, vice-presidenta do CONAPIR, coordenadora nacional da UNEGRO e presidenta UNEGRO Bahia. "A marcha de 1995 garantiu que o então presidente FHC recebesse as lideranças do movimento negro brasileiro. Em 2003, houve a grande virada com o primeiro governo Lula (PT) que implantou várias políticas públicas de inclusão e promoção da igualdade racial, como a criação da secretaria especial, o Estatuto da Igualdade Racial e as políticas de cotas. Agora, queremos a aprovação da PEC 27, que cria o Fundo Nacional de Reparação Econômica e de Promoção da Igualdade Racial", pontou.

Jerônimo Silva Junior destacou que as lutas históricas mostraram que o povo negro sempre lutou por políticas públicas. "A marcha de 1995 abriu novos caminhos para luta antirracista e fez o governo brasileiro reconhecer o racismo no País. A CTB orienta que o movimento sindical deve se aproximar mais dos movimentos negros e levar esse debate para suas categorias", afirmou.

Em sua saudação, a presidenta da CTB Bahia, Rosa de Souza, reforçou o compromisso da Central com as causas da população negra. "O Novembro Negro é um momento de muitas reflexões fortes, que precisam ser transformadas em ações concretas de combate ao racismo. Essa parceria com a UNEGRO nos ajuda a compreender melhor essa difícil realidade para transformá-la", destacou.

MAIS REFLEXÕES
Ubiraci Matilde lembrou de vários retrocessos impostos pelos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. "Com Lula, o Brasil está em reconstrução, numa quadra difícil por conta do Congresso mais conservador. Temos que combater o racismo 365 dias no ano, com o movimento negro superando os novos desafios teóricos e organizativos para evitar a dispersão e retomar sua unidade", frisou.

Raimundo Coutinho resgatou a importância de dirigentes históricos que ajudaram a construir a marcha de 1995. "Levamos a maior delegação do Brasil. Lutamos para garantir visibilidade protagonistas para a população negra na cultura, na televisão e outros setores. É preciso entender que o racismo brasileiro se renova e se intensifica a cada momento", enfatizou.
O coordenador da APLB, Rui Oliveira, ressaltou as dificuldades de organização dos movimentos sociais. "Pela ausência do Estado com mais políticas públicas por está sendo privatizado, as comunidades são conduzidas pelo tráfico e pelas igrejas. O movimento sindical precisa se ressignificar e atuar firme em 2026 para fortalecer nossa representação na política", defendeu.

Suely Santos destacou a necessidade de não se deixar apagar as memórias das lutas e conquistas do povo negro"Nossas lideranças devem cuidar para que a atuação nos espaços institucionais não prejudique o movimento de massas nas ruas. É importante que o governo discuta mais a PEC 27 com o movimento negro", frisou.
Contribuíram nos debates Jussara Pinho, dirigente da APLB Feira e coordenadora da CTB Portal do Sertão; Daiana Alcântara, presidenta do SINTEST-UEFS e dirigente da CTB Bahia; Orlando Andrade, secretário de Promoção da Igualdade Racial de Cachoeira; e Ivanir Santos, pedagogo, babalaô, ativista, pesquisador brasileiro e dirigente da UNEGRO.
