Sindicalistas baianos fecharam os debates preparatórios para as conferências estadual e nacional do trabalho. Organizada pelas centrais sindicais, a 2ª Conferência Livre do Trabalho foi realizada nesta quarta-feira (05) no SINDAE, em Salvador, e pela plataforma ZOOM, reunindo dirigentes de vários sindicatos.
O representante do governo, Álvaro Gomes (coordenador da Agenda do Trabalho Decente da Setre) destacou a importância das conferências chamadas pelo governo Lula (PT). "É o momento de rever retrocessos e avançar para políticas que aperfeiçoem as leis em tempos de pejotização, uberização e precarização do trabalho. Vivemos um paradoxo: bons resultados na economia e no mercado de trabalho convivendo ainda com trabalho escravo e trabalho infantil. Vamos construir um mundo do trabalho decente e digno para a classe trabalhadora", defendeu.

Em nome da CTB Bahia, o secretário nacional de Políticas de Promoção da Igualdade, Jerônimo Silva Júnior, reforçou a importância da unidade para enfrentar os desafios. "É importante que as diversas forças no movimento sindical formem consenso em torno dos temas mais essenciais para que as propostas se transformem em políticas públicas efetivas", afirmou, apresentando várias proposições, como a que exige que o governo condicione a concessão de incentivos fiscais ao compromisso de as empresas implantarem políticas de inclusão, observando gênero, raça e geração.

PALESTRAS IMPORTANTES
As palestras ficaram por conta das economistas do Dieese, Ludmila Giuli e Ana Georgina Santos, que trataram de políticas públicas de emprego, trabalho, renda e inclusão produtiva. "As políticas públicas são essenciais para a proteção do trabalho e dos direitos sociais da classe trabalhadora, como o FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador], que financia vários programas e benefícios. Essas políticas precisam ser reforçadas pelo governo", enfatizou Ludmila.

Com dados atuais da economia e do mercado de trabalho, Ana Georgina destacou que o mercado de trabalho no Brasil é desigual quando se trata de homens, mulheres e população negra. "Vemos a geração recorde de empregos formais, com carteira assinada, e de trabalhos precarizados sem direitos. As políticas públicas do governo devem corrigir essas disparidades e a Conferência Nacional do Trabalho de apontar para isso", defendeu.
CLASSISTAS NO DEBATE
Além das presenças de Lucineide Sampaio (SINPOSBA), Flora Lassance (Metalúrgicos), Zezé (SINPOJUD), Taina de Jesus (SintraSuper) e Antônio Rodrigues (SintraSuper), vários dirigentes classistas se pronunciaram e apresentaram reflexões para a conferência:
Edson Cruz (presidente da FETRACOMBASE): "O setor da construção civil, também, vivencia os problemas sérios de terceirização e pejotização. A Conferência Nacional do Trabalho acontece em um momento importante e deve avançar para melhorar o trabalho no Brasil revendo os retrocessos [dos governos Temer e Bolsonaro]".
Daiana Alcântara (SINTEST-UEFS): "No setor público, a principal luta é contra a reforma administrativa, que vai desmontar o serviço público e retirar direitos dos servidores. A Conferência do Trabalho precisa evitar essa precarização".
Tiago Pascoal (SINPOJUD): "Que a conferência trate de propostas para a saúde mental dos trabalhadores e das trabalhadoras e de responsabilização das empresas de ajudarem no combate a problemas gerados pelo vício de jogos em loterias online".
Djalma Rossi (Sindsaúde Bahia): "É importante, também, a conferência tratar do trabalho decente no serviço público. Muitos trabalhadores de prestadoras de serviços ficam sem receber salário por meses. Além disso, contratações pelo regime REDA reforça a precarização dos serviços públicos".
