Comerciário Jairo Araújo analisa estudo do Dieese sobre comércio

Geral 14/10/2025 Escrito por:
Estudo feito pelo Dieese, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, mostra que o comércio brasileiro se consolidou como um dos principais setores do mercado de trabalho. Foram cerca de 19,5 milhões de trabalhadores em 2024. Mas, parcela relevante está na informalidade, representando um problema estrutural do setor.
O número de empregos formais tem se expandido e atingiu 10,6 milhões em 2024, segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego. Entre 2022 e 2024, o emprego formal no setor cresceu 5,1%, com mais de 514 mil novos vínculos, impulsionados pelos grandes estabelecimentos, embora micro e pequenos negócios respondam pela maior parte das ocupações.
Regionalmente, o Sudeste concentrou metade dos empregos. As regiões Norte e Nordeste apresentaram crescimento mais intenso entre 2022 e 2024. O segmento varejista concentra 69% da força de trabalho.
REMUNERAÇÃO E HORAS TRABALHADAS
A remuneração média real do comércio foi de R$ 2.692,50 em 2024. O setor mantém desigualdades salariais relevantes: as comerciárias ganham em média 13,1% a menos que os homens.
O estudo mostra que o tempo de trabalho é extenso: 91% dos empregados cumprem jornadas contratuais de 40 horas semanais ou mais e 85% trabalham exatamente 44 horas, com destaque para funções como gerentes de lojas e supermercados, com jornadas de mais de 48 horas em média.
ESCOLARIDADE E PERFIL
A escolaridade da categoria aumentou: 70,5% dos trabalhadores possuíam ensino médio completo em 2024 e mais de 1,27 milhão, ensino superior. Mudou o perfil etário, caindo a participação dos jovens até 29 anos (39,5% em 2024) e aumentando a dos trabalhadores acima de 40 anos.
CRESCIMENTO
Em relação ao desempenho do comércio, a receita nominal cresceu 82,4% entre 2017 e 2024, superando a inflação acumulada (48,7%). Tiveram destaque os segmentos farmacêutico, de veículos e material de construção. Entre janeiro e julho de 2025, o setor cresceu 7,4% em termos nominais, sustentado por supermercados, combustíveis, farmácias e vestuário.
O resumo do estudo revela que o comércio brasileiro apresenta expansão, geração de empregos e ganhos salariais reais nos últimos anos. Mas, persistem problemas como alta informalidade, desigualdade de gênero, concentração em baixos salários e longas jornadas.
FEC AVALIA
Segundo o presidente da FEC Bahia (Federação dos Comerciários da Bahia), Jairo Araújo, uma das bandeiras do movimento sindical é o desenvolvimento da economia e dos setores produtivos com a valorização do trabalho. "Nossos sindicatos buscam isso, principalmente, nas campanhas salariais. É nas negociações coletivas que podemos melhorar mais os salários com reajustes acima da inflação e garantir melhorias sociais. Também buscamos negocia bons programas de participação nos lucros e resultados", pontua.
Para o dirigente, é preciso seguir lutando para reduzir a informalização e as desigualdades. "Uma luta importante é o fim da escala 6x1, com a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Esse é um passo importante para garantir mais empregos formais, mais saúde e qualidade de vida para quem trabalha no comércio", defende.