Ao som de "Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores", de Geraldo Vandré, familiares, amigos e sindicalistas se despediram, na tarde deste domingo (30), da jornalista Kardé Mourão. O jornalismo classista perdeu uma grande referência, que atuou em vários sindicatos a partir dos anos de 1990, em um espaço majoritariamente masculino e machista.
Mulher de personalidade forte e sorriso fácil nos momentos de descontração, se impôs e ganhou o respeito de todos. Produziu conteúdos de comunicação que ajudaram a fazer a luta de ideias para melhorar a vida da classe trabalhadora e do povo brasileiro. Também foi dirigente destaque do Sinjorba e da Fenaj.
O presidente da CTB Nacional, Adilson Araújo, e a presidenta da CTB Bahia, Rosa de Souza, destacaram a trajetória e o legado de Kardé. Ela trabalhou na Central entre 2007 e 2013. "Vai deixar muitas saudades. Sempre foi voz ativa nas lutas sindicais. Contribuiu com eleições e congressos sindicais dos mais difíceis. Esteve firme na construção do sindicalismo classista brasileiro, da CSC à CTB", postou Adilson em seu perfil no Instagram.
GARRA E PIONEIRISMO
Segundo o dirigente, a jornalista era sinônimo de garra, coragem e determinação. "Um misto de alegria e resistência, mulher daquelas que lutam a vida toda. Como diria o bom baiano: 'não comia reggae'. Era uma exímia profissional e ensinou muita gente a disputar as narrativas contra o sistema, sempre motivada pela defesa de um mundo humano, próspero e socialmente desenvolvido. Kardé, querida amiga e irmã. Hoje derramarei todas as minhas lágrimas, mas saiba que o seu legado nos reserva muita luz e energia. Suas sempre presentes força e determinação servirão de guia para seguirmos lutando, por um tempo verdadeiramente de justiça, paz e harmonia. Kardé Mourão, eternamente presente", enfatizou.
Para Rosa de Souza, Kardé foi dessas mulheres pioneiras que se impõem e abrem caminhos para outras mulheres, e nos momentos mais difíceis. "Imagine atuar nos anos de 1990 e garantir o respeito de dirigentes homens por onde passou. Sua firmeza aliada à capacidade profissional e visão política marcaram sua trajetória e contribuiu para a luta de várias categorias. A CTB e vários sindicatos tiveram a oportunidade de contar com o trabalho dessa importante jornalista, que deixa um legado inspirador para mulheres que querem ser jornalistas", destaca e lembra que a marca da Secretaria de Mulheres foi criada por Kardé e doada à CTB Nacional. "Eu era secretária de Mulher e ela trabalhava na comunicação da Central".