Curso da CTB encerra debatendo desafios e com aulas sobre marxismo e juventude

Curso da CTB encerra debatendo desafios e com aulas sobre marxismo e juventude

Geral 06/02/2025 Escrito por:

O último dia do Curso de Sindicalismo Básico foi encerrado com aulas sobre a teoria marxista como instrumento de luta da classe trabalhadora e a realidade da juventude brasileira, além da intervenção especial do presidente nacional, Adilson Araújo, que falou dos desafios do sindicalismo. 

Ao falar sobre os desafios, o presidente da CTB Nacional, Adilson Araújo, ressaltou que o mundo está sob tensão com agressividade dos EUA e várias guerras acontecendo. "É importante observar a importância dos Brics, economicamente e politicamente, e o papel protagonista da China. O governo Lula atua sob pressão do mercado financeiro e do Centrão no Congresso Nacional. São dois anos positivos em vários aspectos, mas com problemas como o arcabouço fiscal, que mexe no BPC e no PIS/PASEP, além da limitação na valorização do salário mínimo. O presidente não pode ceder à pressão e precisa acenar para os setores populares, que devem se mobilizar em torno do governo por bandeiras avançadas", pontuou.

O dirigente apontou a importância de bandeiras como  a defesa da paz e mundo multipolar; o desenvolvimento soberano das nações com progresso comum para todos; o desenvolvimento com valorização do trabalho; a luta contra os juros altos e pelo fim da Escala 6x1, além da Isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil. "É unidade e luta, apoiando os pontos positivos do governo e combatendo as contradições. Ser revolucionário é ter a capacidade de promover as transformações do nosso tempo", enfatizou e agradeceu a todos que contribuíram para a realização do curso.

TEORIA E PRÁTICA

Ex-superintendente de Economia Solidária da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, o professor Milton Barbosa destacou a atualidade dos princípios marxistas para a luta contemporânea. "Com o materialismo histórico e o materialismo dialético, Karl Marx mostrou que existe uma realidade objetiva, antes mesmo da existência humana e que o mundo pode ser conhecido de forma científica. O motor da história é a luta de classes distintas, que se opõem constantemente. Sem ser dono de nada, o trabalhador tem que vender a sua força de trabalho aos capitalistas, que exploram a mão de obra sem pagar um salário justo e com jornadas absurdas. Por isso, a luta do movimento sindical se inicia contra a escravidão da jornada de trabalho", explicou.


 
Para Barbosa, o movimento sindical precisa entrar no debate sobre o falso dilema trabalhadores X empreendedores. "Eles são trabalhadores que se organizam em empreendimentos, como associações e cooperativas. É importante lutar para que a classe trabalhadora se torne proprietária coletiva de meios de produção. Hoje existem várias experiências coletivas de socialização dos meios de produção, como associações e cooperativas donas de vários empreendimentos. Sindicatos poderiam construir formas de gestão coletiva de atividades econômicas, como cooperativa de crédito, por exemplo. Precisamos construir a consciência política de classe para fazer a ruptura com o capitalismo. Daí a importância de um partido político revolucionário para conduzir a emancipação política da classe trabalhadora", afirmou,

GANHAR A GALERA  

Professora da rede estadual de ensino da Bahia e dirigente da APLB-Sindicato, Déborah Irineu fez um panorama da realidade da juventude no Brasil. Para iniciar, ela fez uma dinâmica perguntando sobre três problemas para a falta de jovens no movimento sindical, e pedindo para o público apresentar três soluções. "A gente pode ver que a linguagem do movimento sindical está distante da linguagem dos jovens, que não possuem educação crítica e política. Os sindicatos precisam realizar formação para jovens na categoria e combater o descrédito e a criminalização dos sindicatos por setores da sociedade", pontuou.

Segundo Déborah, é preciso olhar a tendência do mercado de trabalho e o papel dos sindicatos na defesa dos direitos sociais e trabalhistas. "A juventude está mais no trabalho informal. Segundo o IBGE, as principais ocupações são de balconista, escriturários, caixas, recepcionistas, estoque e repositor, marcadas por baixos salários, precarização e baixa exigência de escolaridade", destacou. 

De acordo com a sindicalista, os sindicatos precisam reverter o baixo índice de sindicalização. "Os jovens preferem formas flexíveis de organização e se interessam mais por questões ambientais, direitos civis e causas sociais. Mostram potencial para ações coletivas. É importante realizar pesquisas nas categorias e desenvolver uma comunicação com linguagem mais moderna para conteúdos densos. É trabalhar o meio digital, com assembleias virtuais e consultas, por exemplo. O sindicalismo deve ter uma maior articulação com outros movimentos sociais, e desenvolver ações e iniciativas para jovens da categoria. É essencial a formação dos dirigentes e da categoria, além de incentivar mais jovens nas direções sindicais", defendeu.