Sindicalistas estudam mercado de trabalho e luta emancipacionista das mulheres

Geral 05/02/2025 Escrito por:
Entender mais sobre a dinâmica do mercado de trabalho e a luta emancipacionista das mulheres marcou a sequência do Curso Nacional de Formação da CTB. Nesta quarta-feira (5), no Ginásio dos Bancários, sindicalistas de todo o Brasil tiveram aulas com a economista do Dieese, Ana Georgina Dias, e Natália Gonçalves, ex-presidenta da União Brasileira de Mulheres e membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher.
Para dissecar o mercado de trabalho no Brasil, Ana Georgina foi na origem, ressaltando o papel da escravidão. "O sistema escravagista estruturou um modelo de produção e de relações de trabalho marcado pela desigualdade. No século 19, o fluxo migratório de pessoas da Europa evidenciou a tentativa de branqueamento da população com o pretexto de 'gerar mais desenvolvimento'. Com o fim da escravidão, milhões de pessoas estavam sem moradia, sem emprego e sem qualificação. Muita gente não foi absorvida pelo mercado de trabalho.
Segundo a economista, as relações de trabalho se desenvolveram em cenários de desregulamentação de direitos, gerando muitos conflitos entre patrões e empregados. "Para minimizar a situação, surgiu a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em 1943, implantada pelo então presidente Getúlio Vargas. Ela unificou a legislação trabalhista existente, inserindo os direitos trabalhistas e regulamentando as relações individuais e coletivas do trabalho", pontuou.
Chegando ao período mais recente, Ana Georgina destacou a reforma trabalhista, que alterou substancialmente as relações de trabalho. "Não gerou os empregos prometidos e precarizou ainda mais o mercado e as relações de trabalho, produzindo novos problemas para a classe trabalhadora, como estresse e doenças mentais. O mercado de trabalho se movimenta com quatro atores fundamentais: trabalhadores, empresas, governo e sindicatos, que tem o importante papel de equilibrar essas relações desiguais. Por isso, são sempre atacados", pontuou.
LUTA EMANCIPACIONISTA
Na segunda aula do dia, Natália Gonçalves resgatou o início da linha emancipacionista com a União Brasileira de Mulheres (UBM) nos anos de 1980. "A opressão da mulher caminha e se desenvolve ao lado da opressão social e de classes. A luta sempre foi por apoio ao trabalho da mulher, com creches e formação e aperfeiçoamento profissional. Além do combate à violência de gênero aos assédios moral e sexual. São demandas de toda a sociedade", explicou.
Para Natália, é fundamental os sindicatos interagirem com os diversos movimentos sociais. "É importante entender a luta por igualdade salarial entrelaçando classe, gênero e raça. As entidades precisam entender as especificidades das questões femininas, no trabalho e na sociedade. E desenvolver ações para garantir a equidade de gênero, como garantir a aplicação da Lei da Igualdade Salarial nas empresas", enfatizou.
Segundo a militante feminista, a luta emancipacionista produziu avanços importantes na sociedade. "Avançamos muitos até aqui, mas ainda existem grandes desafios pela frente. O movimento sindical pode contribuir muito empoderando as dirigentes sindicais e trabalhando de forma concreta os temas de interesse das mulheres", enfatizou.
*Veja as fotos dos debates no perfil da CTB Bahia no Instagram