Primeiras aulas do curso da CTB trabalham relação entre teorias e luta política

Primeiras aulas do curso da CTB trabalham relação entre teorias e luta política

Geral 03/02/2025 Escrito por:

Além de muita teoria, as duas primeiras aulas do Curso Nacional de Formação da CTB focaram na importância da luta política e de ideias que o movimento sindical precisa desenvolver contra a ofensiva da extrema direita no Brasil. Os professores Adelmo Oliveira, da Escola Nacional da CTB, e Graça Druck, da Ufba, enriqueceram o conhecimento dos sindicalistas com teorias e informações, além de apontarem caminhos para superar os problemas atuais.

Na 1ª aula, sobre análise de conjuntura política, Adelmo Oliveira destacou que é a formação política que qualifica os dirigentes sindicais para suas ações e lutas no cotidiano. "Ajuda a entender melhor a realidade e a correlação de forças para definir a estratégia, as táticas de luta e as ações sem imediatismo. É importante entender que a conjuntura não é estática, pois está sempre se transformando, exigindo ajustes nas ações. A avaliação coletiva é sempre mais produtiva, pois permite aos sindicalistas uma visão mais ampla da situação. Ao avaliar determinada conjuntura, é importante interpretar dados econômicos e estatísticos para formular bem as políticas", ponderou.

Oliveira ressaltou os fenômenos da chamada guerra híbrida do colonialismo digital, muito usados pela extrema direita contra as forças democráticas e populares. "O primeiro é uma estratégia de ações que manipulam a realidade dos fatos e desinformam as pessoas para desestabilizar os adversários. Já o segundo se expressa no controle social, político, econômico e cultural através da big techs pelos países ricos, especialmente os Estados Unidos. São as grandes empresas que exercem domínio da tecnologia e da inovação [como a Apple, Google, Amazon, Microsoft e Meta]. Daí, a importância da luta mundial pela regulação das redes sociais", defendeu.

NEOLIBERALISMO, TECNOLOGIAS E MUNDO DO TRABALHO

Figura constante nos debates dos movimentos sociais, a professora da Ufba, Graça Druck, tratou dos impactos do neoliberalismo e das novas tecnologias no mundo do trabalho e na ação sindical. "O neoliberalismo é um projeto de sociedade e da classe dominante, trabalhando nas esferas política (enfraquecimento das instituições democráticas e dos Estados nacionais), econômica (globalização, financeirização e precarização do trabalho) e social (aumento da desigualdade em contraste com a concentração de riquezas e suspensão das políticas de distribuição de renda com destruição dos direitos sociais)", pontuou.

A professora destacou que existem duas grandes transformações no mundo do trabalho: a contrarreforma trabalhista [implantada por Michel Temer e Jair Bolsonaro] e a revolução digital. "A primeira é central na atual dinâmica do capitalismo, precarizando ainda mais o trabalho, comprometendo a saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras, fragilizando a identidade coletiva da classe e enfraquecendo o movimento sindical. A segunda criou o trabalho remoto e por aplicativo, impondo maior controle sobre o trabalho humano", enfatizou.

Graça Druck apontou que a principal saída está na organização de base e na luta política. "As mudanças promovidas pelas tecnologias não podem desviar os sindicatos de sua tarefa de estar perto dos trabalhadores, ouvindo seus anseios e propondo alternativas coletivas. Bandeiras importantes podem unificar a classe, como a revogação da reforma trabalhista, a regulação dos trabalhos por aplicativos e a redução da jornada de trabalho, com o reforço da campanha pelo fim da Escala 6x1, por exemplo", disse, destacando a  importância da interação entre o movimento sindical e a universidade para entender os fenômenos atuais e organizar a luta política na sociedade.

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