Uma tarde em que homens e mulheres refletiram sobre caminhos para combater a violência contra a mulher marcou a ”Roda de Conversa: Precisamos falar com os Homens! Uma jornada por Igualdade de Gênero”. O evento promovido pela Secretaria e o Coletivo de Mulheres da CTB Bahia aconteceu nesta sexta-feira (6), no auditório do SINTRACOM-BA, com a participação de sindicalistas de várias entidades. Também colaboram com os debates a economista do Dieese, Ludmila Pedroso, e a ouvidora-geral da Defensoria Pública da Bahia, Naira Gomes.
"É mais um espaço para refletirmos sobre um problema recorrente que são as diversas violências pelas quais passam muitas mulheres no Brasil. A roda é para ajudar nesse debate para ampliar a consciência dos homens para construirmos uma sociedade melhor. Estamos apresentando a carta 'Mulheres trabalhadoras: ampliar direitos, promover equidade e erradicar qualquer tipo de violência'", afirmou a secretária Flora Lassance.
O documento sistematiza orientações e políticas que devem ser implementadas na sociedade, no movimento sindical e nas empresas. Indica a luta por paz, igualdade de gênero, contra o assédio moral e sexual. Aponta o compromisso de prevenir a violência e todo tipo de discriminação. E defende um ambiente saudável no trabalho e no sindicalismo.
Segundo a presidenta Rosa de Souza, é importante realizar ações para evoluir a consciência masculina. "As mulheres encontram muitas dificuldades nos ambientes sociais e debates como esses são importantes. É bom ver vários homens se posicionando sobre temas ligados à mulher. Avançamos muito no movimento sindical, graças às companheiras que abriram caminhos há mais de 30 anos. Mostra que o empenho e a ousadia delas valeram a pena", destacou.
DIRIGENTES CLASSISTAS
Dirigentes da FETRACOM-BA e do Coletivo de Mulheres da CTB, Lúcia Maia e Sônia Maria destacaram a importância do encontro para incentivar esse debate nos sindicatos classistas. Integrante do Coletivo e dirigente do Sinttel e da CTB, Tina Bandeira defendeu a criação de um manual antimachismo para os movimentos sociais. Diretora do SINPOSBA e da CTB, Lucineide Sampaio reforçou o empenho do coletivo para ajudar a Central a formular suas políticas classistas.
Vice-presidente dos Comerciários e dirigente da CTB, Rosemeire Correia destacou que a presença dos homens na Roda permitiu que as mulheres não conversassem entre elas mesmas, ajudando a ampliar a consciência masculina. A diretora do SintraSuper, Josélia Ferreira chamou atenção para o fato de que a violência tem sido naturalizada pelos homens e pela sociedade, e que o movimento sindical acaba absorvendo essas culturas ruins.
DIEESE E DEFENSORIA
Ludmila Pedroso apresentou vários dados econômicos sistematizados pelo Dieese com o tema "A inserção da mulher no mercado de trabalho". "O que podemos resumir é que, em que pese os avanços conquistados com a luta das mulheres e do sindicalismo, a situação ainda é de desigualdades e trabalho precário para as trabalhadoras, especialmente as negras. Vemos formas de violência como pressão psicológica e adoecimento mental, gerando absenteísmo. A luta pelo fim da escala 6x1 é importante para as mulheres. Elas não descansam no 1, pois cuidam da casa e da família", pontuou.
Naira Gomes informou que a Defensoria recebe mais casos de homens que não querem pagar pensão alimentícia. "A cultura machista que estimula a violência constrói uma masculinidade que é questionada quando o homem demonstra afeto e carinho. Homens mais avançados precisam ter coragem de destoar em seus espaços masculinos e ajudar a mudar os outros", frisou.
VOZES MASCULINAS
Vários homens presentes usaram a palavra. Dirigente do PCdoB, Caio Botelho defendeu a unidade dos movimentos sociais no combate à violência de gênero em todos os espaços sociais, além da criação de um canal de denúncias, pelas entidades, para as mulheres se manifestarem caso sofram alguma agressão ou constrangimento.
No debate, usaram a palavra o vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB); o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB); os dirigentes da CTB Pascoal Carneiro, Aurino Pedreira e Iglesias Caballero; o presidente do SINTRACOM, Carlos Silva. Todos reconheceram que o machismo também está presente no sindicalismo, que não pode aceitar atitudes violentas dos dirigentes em relação às sindicalistas e outras mulheres.