Mobilizar dirigentes e sindicatos classistas para as atividades do Novembro Negro e as próximas lutas pelo fim da escala de trabalho 6x1. Essas foram as principais deliberações da reunião da CTB Bahia, realizada nesta terça-feira (19), no formato híbrido (presencial e por videoconferência).
Na abertura, a presidenta da Central, Rosa de Souza fez uma homenagem aos três sindicalistas que nos deixaram: Raimundo Brito (Sintracom), Bicudo (Aeroviários) e a dirigente da APLB Irecê, Márcia Carvalho. "É importante destacar a atuação dos nossos sindicalistas nas eleições municipais de outubro, levando as ideias classistas e nossas pautas para as populações nos municípios baianos. Conseguimos eleger muitos companheiros e companheiras vereadores e vice-prefeitos. Quem não conseguiu eleição, jogou papel importante. Temos em pauta a discussão nacional do fim da escala 6x1 e a redução da jornada de trabalho. CTB, sindicatos e dirigentes de parabéns por fazerem grandes debates na sociedade", pontuou.
Convidado para a reunião, o secretário geral da CTB Nacional, Ronaldo Leite, falou sobre problemas que muitos sindicatos enfrentam junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). "Antes quero lembrar que, em 2025, teremos congressos estaduais e o congresso nacional da Central. Celebraremos os 17 anos da CTB com uma grande campanha de sindicalização e um seminário internacional. Dos 1,432 sindicatos filiados nossos, cerca de 500 estão sem regularização", explicou.
Leite ressaltou os desafios das entidades frente à portaria que trata de registro sindical e mandatos de diretorias. "Tem gerado impacto negativo, pois muitas entidades estão sem conseguir registrar convenções coletivas. Tratamos isso no Conselho Nacional do Trabalho, onde a CTB defende a redução da burocracia. Do jeito que está, a portaria fez com que vários sindicatos ficassem suspensos no sistema do MTE. Nós já fizemos ponderações e aguardamos posição. Vale lembrar que dos 13 mil sindicatos de trabalhadores, 979 foram notificados, além de 300 de entidades patronais. Temos que regularizar a situação para não ter o registro suspenso e abrir caminho para novos sindicatos nas bases", alertou.
ELEIÇÕES 2024
O vice-presidente da CTB Bahia, Emanoel Souza, fez uma intervenção sobre o balanço das eleições municipais de outubro. "Nacionalmente, observamos muitas dificuldades para os partidos de esquerda. Já na Bahia, a base aliada do governador teve maioria dos prefeitos (308), especialmente o PSD de Otto Alencar, com índices altos de votação. Na capital, elegemos dois sindicalistas ligados à CTB Bahia: Aladilce Souza (saúde) e Augusto Vasconcelos (Bancários). Hélio não foi reeleito, mas teve grande votação. O problema foi da Frente Brasil da Esperança, que caiu de 7 para 4 vereadores", frisou.
Emanoel ressaltou a eleição de vários sindicalistas ligados à CTB na Bahia. "Agora, é planejar com antecedência os passos para eleições de 2026, em um cenário com o governo Lula chantageado pelos partidos do Centrão. Temos que fortalecer o campo da esquerda, aproveitando a discussão pelo fim da escala 6x1, que nos tirou da defensiva e deve ser nossa bandeira central de luta, ao lado da taxação dos super-ricos. É ir à luta para garantir a reeleição de Lula e ampliar bancada de esquerda no Congresso. Não podemos esquecer de levantar a questão da saúde do trabalhador, pois cresce o número de adoecimentos.
NOVEMBRO NEGRO
O secretário de Combate ao Racismo, Jerônimo Silva Júnior pediu que os dirigentes mobilizassem suas bases para as atividades do Novembro Negro. "Esse ano é especial, com o 20 de Novembro sendo feriado nacional no Brasil, resultado de uma luta história do movimento negro. O seminário aqui foi uma solicitação da CTB Nacional. É hoje às 18h, nos Bancários. Antes, teremos exposição de empreendimentos afros e lançamento de livros com sessão de autógrafos. Nesta quarta (20), vamos fazer a Lavagem da Estátua de Zumbi às 7h. Pela tarde, tem a 46ª Marcha Zumbi e Dandara, com homenagem ao mestre Môa do Katendê, que se estivesse vivo, faria 70 anos", destacou.
DEBATE
Vários dirigentes usaram a palavra para falar dos temas.
Celso Argolo (Bancários de Jequié): "A postura do MTE e a portaria preocupa o movimento sindical. A CTB deve passar orientações aos sindicatos. Sobre as eleições, a situação é difícil no 3º mandato de Lula. Bolsonarismo vive declínio, mas continua forte".
Adriano Abreu (Sindibeb): "Estamos em campanha salarial difícil no estado. Em algumas empresas, conseguimos ganho real e em outras, não. É importante fortalecer a luta pelo fim da escala 6x1 e debater o PL dos super salários".
João Milton (coordenador da CTB Extremo Sul): "Nas eleições, elegemos 13 vereadores da Frente Brasil da Esperança (8 do PCdoB), sendo um balanço positivo, pois dobramos a bancada de esquerda nas câmaras municipais. A CTB fará plenária em janeiro. Temos muitos sindicatos com problemas relacionados ao registro, especialmente os sindicatos rurais. Os cartórios dificultando registro de atas".
Wellinton Reis (FETAG): "Aumentou o número de sindicalistas rurais eleitos, com 7 prefeitos (6 de sindicatos da CTB, 1 mulher) e 7 vice-prefeitos (6 ligados à CTB, 1 mulher). Foram 67 vereadores eleitos (49 ligados à CTB, 17 mulheres). É importante os dirigentes 'pegarem na unha' a questão dos registros sindicais. A Fetag vai fazer plenárias regionais para mobilizar STRs e debater esses temas".
Mariá Santos (coordenadora da CTB Chapada): "É preocupante essa atitude do MTE em relação aos sindicatos, ao invés de facilitar as coisas. Temos que debater a decisão do STF, de permitir a contratação de servidores públicos pela CLT. A CTB Nacional precisa ver ações para impedir esse absurdo. Nas eleições, a APLB lançou o movimento Mais Educação da Política, avançando na eleição de vários professores".
Silvio Pinheiro (Metalúrgicos): "Temos que levantar quais sindicatos estão pendentes para as estaduais acompanhar e ajudar a resolver. Tivemos bom desempenho dos sindicalistas nas eleições. Agora, é fortalecer a luta pelo fim da escala 6x1".
Jailton Andrade (Petroleiros): "A luta pelo fim da escala 6x1 permite reconectar nossas lideranças com as bases. Junto com a Aliança Global contra a pobreza, são dois temas complicados para a direita. Podemos aproveitar isso para mobilizar trabalhadores e parcelas da população".
ENCAMINHAMENTOS
>> Reunião da CTB Bahia, no dia 10 de janeiro 2025, em Salvador, para fazer o planejamento. Quem quiser, pode sugerir outra cidade.
>> Escala 6x1: sindicatos construírem agendas de ações em suas categorias, e participarem das ações gerais.
>> Intensificar a mobilização pelas redes sociais para colocar povo nas ruas nos próximos atos
>> Participar da plenária estadual que criará a agenda de lutas pelo fim da 6x1
>> Fazer grande mobilização para o congresso estadual e o congresso nacional da CTB