Familiares, amigos e sindicalistas protestaram, nesta sexta-feira (28), exigindo justiça e prisão para os mandantes e executores dos assassinatos do ex-dirigente sindical rodoviário Paulo Colombiano e sua esposa Catarina Galindo. O ato aconteceu em frente ao Fórum Ruy Barbosa, centro da capital baiana, e teve cobertura ao vivo do Jornal da Manhã, da TV Bahia. Além de lembrar 14 anos do crime e denunciar a impunidade dos acusados, a manifestação repudiou a lentidão do Judiciário e a postura do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que produz um sentimento de impunidade, pois os acusados respondem em liberdade.
"Eram duas pessoas humildes e lutadoras pelas causas sociais, mortas por ricos que estão soltos. A TV Bahia fez ao vivo e a gente imagina os criminosos assistindo e rindo da Justiça baiana. É um absurdo, pois estão soltas pessoas de alta periculosidade, que oferecem perigo para a sociedade. Nossa família não vai deixar isso no esquecimento e fará protestos até que a justiça seja feita e todos os criminosos sejam presos. Infelizmente, esse caso passa a ideia de que o crime compensa e de que TJ Bahia é uma vergonha. As investigações confirmaram os mandantes e executores. Não há nenhuma dúvida. Eles devem pagar pelos assassinatos de Colombiano e Catarina", disse Geraldo Galindo, irmão de Catarina e presidente estadual do PCdoB.
Na condução do ato, a presidenta da CTB Bahia, Rosa de Souza, reforçou o apoio da Central e dos sindicatos classistas à luta dos familiares. "Colombiano era o sindicalista sério e denunciou um grave problema. Por isso, foi covardemente executado, ao lado de sua companheira. Enquanto não houver a prisão dos criminosos, realizaremos esse protesto para chamar atenção da sociedade e não deixar que a impunidade prevaleça", destacou.
Dirigente nacional da CTB, Pascoal Carneiro criticou o que considera uma Justiça seletiva. "É um absurdo. Tem réus confessos e não estão presos. Enquanto isso, os mandantes ricos estão fora do país, curtindo a vida numa boa. Já a família de Colombiano e Catarina, sofrem com essa situação inaceitável de impunidade dos criminosos. Nossa luta é para acabar com essa injustiça", enfatizou.
O vereador e presidente do Sindicato dos Rodoviários, Hélio Ferreira, reforçou a necessidade de manter a mobilização. "Essa é a nossa forma de pressionar a Justiça a cumprir o seu papel. A categoria rodoviária, também, exige um desfecho positivo para o caso. Se mandantes e executores foram identificados, não tem porquê eles estarem soltos. Exigimos a prisão dos culpados para que a sociedade tenha confiança no Judiciário", disse.
SOLIDARIEDADE DOS MOVIMENTOS
Em suas falas, reforçaram a solidariedade das entidades à luta da família Jéssica Baiano (UBM - União Brasileira de Mulheres), Ivone Souza (Cebrapaz - Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz), Kilson Melo (Fabs - Federação das Associações de Bairros de Salvador), Roberto Santana (Sindibeb), Agnaldo Matos (Sindicato dos Bancários), Aurino Pedreira (Federação dos Metalúrgicos), Florisvaldo Bispo (Sintracom-BA), Taína de Jesus (SintraSuper) e Antônio Bonfim (Assufba). Também marcaram presença no protesto a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) e dirigentes sindicais da Fetracom-BA, Rodoviários e Comerciários de Salvador
O CRIME E A (in)JUSTIÇA
Os assassinatos de Paulo Colombiano e Catarina Galindo aconteceram no dia 29 de junho de 2010, quando o ex-sindicalista voltava para casa, no bairro de Brotas, depois de ter buscado no trabalho a esposa Catarina, funcionária e militante do PCdoB. A autoria dos crimes, descoberta pela polícia em 2012, é atribuída ao empresário e oficial aposentado da Polícia Militar Claudomiro César Ferreira Santana, ao seu irmão, o médico Cássio Antônio, apontados como mandantes, e aos funcionários dos dois, Adaílton de Jesus, Edilson Araújo e Wagner Lopes, que seriam os executores. Na decisão de primeira instância, Cássio Antônio foi retirado do processo, mas a acusação recorreu da decisão.
Os dois irmãos eram proprietários da MasterMed, empresa do ramo de plano de saúde que tinha um contrato com o Sindicato dos Rodoviários, onde Paulo Colombiano era tesoureiro. O processo revela que as mortes foram planejadas por Claudomiro e Cássio depois de saberem que Colombiano havia descoberto uma fraude milionária na prestação de serviços ao sindicato e atuava para que providências fossem tomadas.
O processo, que já tinha chegado à segunda instância, sofreu um revés em 2017, quando desembargadores da 2ª Turma da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) devolveram a sentença proferida em primeiro grau, que levava a júri popular os acusados. A alegação da defesa foi de que o primeiro juiz usou de ‘excessos de linguagem’ ao proferir a sentença. Com a decisão, o processo deverá ter uma nova sentença de primeira instância, para a ‘adequação da linguagem’, mas só depois que forem apreciados todos recursos que a defesa apresentou aos tribunais de Brasília, com o objetivo de absolver os acusados. Um desses recursos está no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Porém, desde 2021 não há movimentações relevantes sobre o caso.
com informações do PCdoB Bahia