No segundo dia do 4º Encontro Nacional de Comunicação da CTB, realizado em Salvador, os participantes analisaram o momento político e apontaram para os desafios da comunicação e da ação sindical no novo cenário sob o comando do governo Lula.
O secretário geral da CTB Nacional, Ronaldo Leite, ressaltou que a frente ampla liderada por Lula foi importante, mas exige muita unidade dos partidos aliados e dos movimentos sociais. "A luta é complexa. Vemos o governo buscando construir maioria no Congresso tendo que contemplar interesses de partidos do Centrão, por exemplo. É importante colocar os bancos públicos para ajudar a retomar o crescimento da economia e a geração de empregos. Vamos construir um 1 de Maio unificado das centrais mais forte e convidar Lula para anunciar medidas importantes. Foi importante o governo ter aberto o diálogo com as centrais para construir políticas de valorização do salário mínimo, reforçar as finanças sindicais e a negociação coletiva, além da regulamentação dos trabalhadores de plataformas digitais. Mas, o movimento sindical precisa pressionar para que os avanços aconteçam", ponderou.
Ao falar da democratização dos meios de comunicação, a coordenadora do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, Renata Mielli, destacou que o debate se dá em um cenário promissor, mas difícil. "Ainda não derrotamos politicamente a extrema direita e suas ideias conservadoras. Iniciamos a luta para reverter a agenda regressiva em curso. A construção ideológica da direita se faz via comunicação, especialmente redes sociais. A luta é desigual, pois as empresas de tecnologia de comunicação têm faturamento maior que o PIB de vários países do mundo. É contra esse poder econômico que lutamos para democratizar os meios de comunicação. Dentro do governo, os aliados já cobram a fatura: o Ministério das Comunicações ficou com o União Brasil, por exemplo. A comunicação sindical precisa entrar em campo para ajudar nessa luta estratégica. É essencial a universalização do acesso à internet, pois, sem comunicação democrática não tem democracia", enfatizou.
Também coordenador do Barão de Itararé, o jornalista Altamiro Borges pontuou que os desafios se dão em um cenário mais favorável, porém de grande tensão. "Lutamos em um contexto de guerra, problemas econômicos do capitalismo financeiro e dificuldades na economia brasileira [cinco montadoras paralisaram sua produção). Além disso, temos bolsonaristas no Banco Central, que tentam boicotar o governo, e um Congresso refém do Centrão. O governo popular e amplo sofre pressões externa e interna. É nesse cenário que se coloca a comunicação sindical", afirmou.
O dirigente apontou três pautas prioritárias: 1 - denunciar diariamente o facismo e seus escândalos, exigindo punição e mostrando que não são éticos; 2 - forçar o avanço das mudanças dentro do governo (aqui acaba a unidade tática contra o facismo, uma vez que muitos aliados não querem mudanças para a classe trabalhadora); e 3 - fortalecer a organização dos trabalhadores, que está muito debilitada e com problemas na representatividade e liderança, pouca renovação e baixa taxa de sindicalização.
Para Altamiro Borges, é preciso investir pesado na luta de ideias, através da comunicação. "Se não investir na luta de ideias, perderemos a luta econômica e a luta política. É importante investir em todos os instrumentos e ferramentas de comunicação, reforçar a ligação presencial com as bases e reforçar a presença da juventude para atuar nas redes sociais", destacou.
SECRETÁRIO DO TRABALHO
O encontro teve, ainda, a presença do Secretário do Trabalho do governo Jerônimo Rodrigues (PT), Davidson Magalhães, que fez uma saudação aos sindicalistas. "É muito importante esse encontro da CTB para debater a comunicação nessa luta acirrada contra o facismo. Precisamos ajudar o governo Lula a promover mudanças na economia e para melhorar a vida dos trabalhadores. As forças de esquerda têm papel importante para o novo Brasil que queremos construir. A crise também é oportunidade de para transformações e o sindicalismo deve dar a sua contribuição nesse processo", defendeu.