Acorda peão! Judas Temer vai te ferrar!
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Por Altamiro Borges*
Diante da iminência do golpe, com a aprovação no Senado da admissibilidade do impeachment de Dilma, muitos trabalhadores passam a se questionar sobre qual será seu futuro num governo ilegítimo do Judas Michel Temer. A pergunta é justa e serve de alerta: acorda peão! Basta ler o programa "Uma ponte para o futuro", formulado pelos golpistas do PMDB no ano passado, para se ter a dimensão dos estragos que virão. A "pinguela para o atraso", como já foi apelidado o receituário ultraliberal, prega o fim dos direitos trabalhistas - com a "prevalência do negociado sobre o legislado" -, a terceirização selvagem nas atividades fins, a extinção da política de valorização do salário mínimo e o aumento da idade para a aposentadoria. Também defende a "contenção dos gastos públicos" - em outras palavras, os cortes nos programas sociais, como o "Bolsa Família", "Pronatec" e "Minha Casa Minha Vida".
Diante da repercussão negativa do texto, nos últimos dias Michel Temer tem feito um esforço teatral para negar os principais pontos da "Ponte para o futuro". O Judas garante que não mexerá nos direitos trabalhistas e sociais, mas ninguém acredita na palavra do traíra. Uma nota publicada na Folha tucana nesta quarta-feira (27) serve para demonstrar a falsidade do golpista. "O plano Temer já está em curso. O vice acertou com o Congresso uma agenda prioritária para o momento em que assumir o Planalto... Até a polêmica reforma da Previdência, com idade mínima para gerações futuras, está no forno. A ideia no entorno de Michel Temer é aprovar rápido uma agenda para marcar diferença com a atual gestão". Ou seja: ele precisa pagar rapidamente a conta aos empresários, que bancaram seu golpe!
Além da reforma previdenciária, o golpista já se comprometeu com os seus financiadores em agilizar a reforma trabalhista. Uma proposta regressiva e destrutiva lançada no triste reinado de FHC, que só não vingou graças à resistência do sindicalismo, também "está no forno". Ela prega a "prevalência do negociado sobre o legislado" - ou seja, a anulação dos direitos - como férias, 13º salário, adicionais, entre outros - fixados na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Num cenário de crise econômica e de desemprego, com o poder de pressão sindical reduzido, prevaleceria o negociado diretamente entre patrões e trabalhadores. Ou seja: seria a negociação da forca com o enforcado!
Outra proposta no "forno", segundo matéria excitada da revista Exame, dedicada à elite empresarial, é a do fim da indexação do salário mínimo. No primeiro mandato do ex-presidente Lula, as centrais sindicais conquistaram o histórico acordo que garantiu o aumento real para o salário mínimo - que estava totalmente depreciado. Esta conquista foi decisiva para elevar o poder aquisitivo de mais de 30 milhões de assalariados e aposentados e para aquecer o mercado interno de consumo, diminuindo os impactos da crise capitalista no Brasil. Ela nunca foi tolerada pelos ambiciosos patrões, que alegavam "perda de competitividade" das empresas. Agora, com o Judas Temer, a proposta ressurge com força.
Já o projeto de lei que impõe a terceirização em todas as áreas - que foi aprovado na Câmara Federal numa manobra de Eduardo Cunha, o correntista suíço que será o vice de Michel Temer -, agora não terá mais entraves. A proposta faz parte do programa "Uma ponte para o futuro" do PMDB e é vista como outra prioridade do golpista caso o golpe do impeachment se concretize. Com sua imposição, até alguns "coxinhas" que saíram às ruas para rosnar pelo "Fora Dilma" vão se arrepender da besteira que fizeram, sendo usados como massa de manobra pelas elites. Além dos trabalhadores na faxina ou na segurança, todas as atividades laborais poderão ser terceirizadas, perdendo os direitos trabalhistas e tendo seus salários reduzidos. Será a mais completa selvageria capitalista, uma autêntica barbárie!
* Altamiro Borges é jornalista e presidente do Centro de Mídias Alternativas Barão de Itararé.