Desemprego no mundo e no Brasil
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Por Nivaldo Santana *
A OIT – Organização Internacional do Trabalho – divulgou recentemente um relatório sobre as perspectivas do desemprego global para os anos de 2016 e 2017. Esse relatório parte da premissa de que o mercado de trabalho mundial apresenta dois graves e persistentes problemas: altas taxas de desemprego e vulnerabilidade crônica do emprego, ou trabalho precário, em bom português.
A OIT é uma agência das Nações Unidas tripartite, com representação dos governos, empresários e trabalhadores. Sua missão é “promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a emprego decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade”.
Essa missão está distante de ser realizada. O relatório em tela, disponível no portal da OIT, prevê que em 2016 a quantidade de desempregados no mundo alcançará a soma de 199,4 milhões. Desse total, 30 milhões de novos desempregados aconteceram por conta da grande crise capitalista iniciada em 2007/2008.
Além dessa massa de desempregados, o relatório aponta que 1,5 bilhão de pessoas no mundo têm emprego vulnerável, com baixa produtividade, baixa remuneração e falta de proteção social. Para o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, o desemprego atinge tanto os países desenvolvidos quanto os chamados emergentes.
Nesse contexto de dificuldades mundiais, o Brasil, que em 2014 apresentou o menor índice de desemprego da história, também passa a enfrentar retração no seu mercado de trabalho. A entrevista do ministro do Trabalho e Emprego, Miguel Rossetto, ao apresentar os resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), reconhece esse fato.
O CAGED de 2015 registra que o Brasil, depois de anos de crescimento do emprego, perdeu 1.542.371 vagas no mercado formal de trabalho. Os setores mais atingidos foram a indústria e a construção civil. O ministro destaca que, apesar desse número negativo de desempregados, o estoque de emprego formal é de 39,6 milhões, o terceiro melhor da série histórica.
Esses números indicam que, ao contrário do que prega a oposição conservadora neoliberal, o que o Brasil precisa, de fato, é de estabilidade institucional e papel protagonista do Estado para criar as condições de retomada do crescimento econômico. Para tanto, cobra-se uma política macroeconômica que favoreça o aumento dos investimentos públicos e privados e abra novas perspectivas de emprego e salário para os trabalhadores brasileiros.
* Nivaldo Santana é vice-presidente da CTB e Secretário Sindical Nacional do PCdoB.