Desafios na busca pela equidade de gênero em tempos de crise

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Por Karla Lúcia Oliveira*

Em um dos momentos mais graves de crise política de nosso país, foi realizado no Centro Cultural do Banco do Brasil- CCBB, em Brasília, no dia 27 de outubro, o 4º Encontro com Mulheres Sindicalistas, com o tema: “ Segregação e discriminação salarial - Diálogos sobre o mundo do trabalho, desafios para a autonomia das mulheres , sob a coordenação da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres-SPM, da Presidência da República, reuniram-se várias lideranças femininas e sindicalista de renomado saber."

Visto mais uma vez que os espaços ocupados pelas mulheres ainda se compreendem como diminuto em relação a sua ocupação, pois nós mulheres somos a maioria da população do nosso país, bem como parte importante na máquina propulsora da construção da sociedade como um todo. A teoria da segregação ocupacional se dá de duas formas: vertical e horizontalmente, e atingem as mulheres diretamente nos dois contextos. Segregação horizontal é aquela em que os sexos se distribuem de forma desproporcional dentro da estrutura ocupacional enquanto na vertical ocorre dentro da uma mesma ocupação, quando um dos sexos tende a se situar em graus ou níveis hierárquicos superiores em relação ao outro.

Nas duas abordagens fica clara a maneira desigual de como são tratadas as mulheres no universo do trabalho, o que acarreta também uma desigualdade na área econômica, agravando-se quando entramos na questão das minorias. Observa-se que há necessidade de se manter organizadas (os) na luta pela manutenção de direitos. Sim, manutenção! Pois, estamos vivendo um dos piores momentos da disputa de classes, estamos assistindo ações de um Congresso reacionário que está voltado as seus interesses e dos empresários, precisamos nos atentar para o detalhe e o efeito que chamo de “carretel”, porque uma pauta segue outra como em um efeito domino de destruição, com o apoio da grande mídia e dos grupos detentores de poder econômico que não tem compromisso com a formação de consciência de classe, muito menos com qualificação, mantendo, assim, a sociedade bitolada e controlada em seus próprios interesses.

É preciso ocupar mais espaços de poder, elegendo mais mulheres representantes nas câmaras legislativas, assim como no executivo, judiciário e tantos outros âmbitos, mantendo assim a paridade e combatendo a segregação horizontal, garantindo às mulheres o acesso a oportunidades da mesma forma que os homens, bem como combater que, na hierarquia dos cargos, a distribuição não se dê de maneira sexista. Se considerarmos que no serviço público o ingresso se dá de maneira igualitária, através de concurso público, mesmo assim não isenta o setor dessa prática.

Sendo a Confederação dos Servidores Públicos do Brasil- CSPB (uma entidade organizada e legitima de representatividades dos trabalhadores e trabalhadoras desse setor) e a CTB (uma entidade de classe com consciência de classe) nesse sentido é necessário reafirmar este compromisso e avançar ainda mais, neste quesito, elevando o nível de compreensão junto as suas filiadas e dando um salto de qualidade com uma pauta propositiva no que toca o mundo do trabalho e a participação feminina.

Entidades organizadas de classe têm por dever em sua estrutura combater tal prática, assegurando a ocupação feminina, se diferenciando no cumprimento de seu papel social no mundo do trabalho. Trabalhadoras e Trabalhadores, uni-vos! Voltem-se para esta questão, combatendo o preconceito, a violência, a segregação contra as mulheres e as minorias, garantindo o respeito às diferenças de maneira equitativa teremos uma sociedade mais justa, mais humanizada. Através dos avanços sociais está a construção de um mundo melhor.

 

* Karla Lúcia Alves Oliveira é secretaria Executiva Adjunta de Negociação Coletiva e Composição de Conflitos da Confederação dos Servidores Públicos do Brasil – CSPB; secretária Geral do Sindserv-Sindicato dos Servidores Municipais de Itabuna e secretária do Serviço Público Municipal da CTB Bahia.