Um balanço positivo num tempo de crises

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Por Adílson Araújo

Concluiu-se no dia 24 de agosto o segundo ano do mandato da diretoria eleita no 3º Congresso da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil). Foram dois anos caracterizados pelo aguçamento da crise e das contradições do sistema capitalista internacional, dos quais extraímos um balanço inegavelmente positivo da trajetória da nossa Central. É a que mais cresceu no país, tendo alcançado um índice de representatividade em torno de 10% na última aferição do Ministério do Trabalho e Emprego.

Temos a convicção de que este avanço resulta da aplicação coerente dos princípios classistas à atuação da CTB, fiel aos interesses da classe trabalhadora, autônoma em relação ao governo, patrões e partidos políticos e unificada em torno da defesa dos direitos sociais, da democracia, da soberania e da valorização do trabalho. Isto se dá muitas vezes em aberta oposição ao sindicalismo pautado na colaboração de classes e ao neoliberalismo, que também tem seus adeptos em nosso meio.

Buscando trabalhar sempre em unidade com as demais centrais e as forças progressistas, respeitando-se a diversidade política e ideológica e o caráter plural do movimento, nossa Central esteve na linha de frente das lutas e mobilizações classistas realizadas no período.

Destaca-se, neste sentido, a mobilização nacional contra a ameaça de terceirização generalizada da economia proveniente do PL 4330, aprovado em primeiro turno na Câmara Federal. A CTB teve e tem papel proeminente nesta batalha (que ainda está em curso), inclusive criticando e denunciando abertamente a conduta traiçoeira e oportunista de algumas lideranças que, não se sabe a troco de quê, capitularam ao poderoso lobby patronal em apoio ao projeto, encaminhado a toque de caixa e de forma autoritária pelo atual presidente da Casa, Eduardo Cunha.

Foi também de maneira firme e sem vacilações que participamos nas manifestações contra o golpismo e a ofensiva da direita neoliberal, em defesa da democracia, da soberania nacional e da valorização do trabalho como a que reuniu centenas de milhares de pessoas em todo o Brasil no dia 20 de agosto.

Tivemos uma presença marcante no 20º Grito da Terra e na Marcha das Margaridas, que levou a Brasília cerca de 70 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais no dia 12 de agosto em defesa da democracia, da reforma agrária e do fortalecimento da agricultura familiar.

Obtivemos um grande êxito nas eleições para o Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, vitória que resgatou a entidade com mais de 400 mil assalariados na base das garras do banditismo e da corrupção e que tem o potencial de alterar positivamente (para os classistas) a correlação de forças no sindicalismo nacional.

A criação do Posto Avançado de Ação Sindical, Social e Institucional (Passi) em Brasília foi um passo importante, que permitirá um acompanhamento mais próximo dos projetos em tramitação no Congresso Nacional, um intercâmbio maior e mais produtivo com os parlamentares comprometidos com os interesses da nossa classe, bem como uma comunicação ágil e dinâmica com o Parlamento.

Adotamos uma posição firme contra o ajuste fiscal e as MPs 664 e 665, que reduzem direitos trabalhistas, assim como na luta para que os ricos paguem a conta da crise com a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, que embora previsto na Constituição nunca saiu do papel, a taxação das remessas de lucros e dividendos e uma reforma tributária progressiva.

Também cresce a proeminência da CTB no sindicalismo internacional através do Encontro Sindical Nossa América (Esna) e da Federação Sindical Mundial (FSM), à qual nossa Central está filiada desde sua fundação em dezembro de 2007. Reflexo disto é a reunião que vai comemorar no dia 3 de outubro em São Paulo os 70 anos da federação classista. Na ocasião serão realizados um Simpósio Internacional e um Ato Mundial Anti-imperialista. Nossa Central tem respaldado as iniciativas de integração latino-americana e caribenha, em contraposição ao projeto imperialista dos EUA, e reiterado sua solidariedade com Cuba e a revolução bolivariana da Venezuela.

A CTB completa oito anos em dezembro e já pode ser considerada um projeto sindical consolidado. A atual gestão tem dado ênfase e prioridade a uma ação mais direta da direção nos movimentos, buscando uma maior aproximação com as bases e empreendendo um esforço renovado de mobilização e conscientização da classe trabalhadora. São atitudes indispensáveis para enfrentar os novos desafios, barrar o retrocesso neoliberal e (transformando a crise em oportunidade) criar as condições para concretizar a agenda da Conclat por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento com valorização do trabalho, soberania e democracia e abrir caminho no rumo do socialismo.

 

Adílson Araújo é presidente da CTB