Ocupar as ruas por uma agenda positiva que garanta direitos
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Em entrevista ao Portal Vermelho, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adílson Araújo, fez um balanço do primeiro semestre e afirmou que o momento é de tomar as ruas para derrotar a onda conservadora e apostar numa agenda de desenvolvimento.
Adílson é presidente da CTBAdílson é presidente da CTB “O governo, ao fazer o ajuste, enfrentou dificuldades no terreno econômico e acho até que essa medida está associada ao apelo do mercado e à pressão exercida pelo rentismo. É chegada a hora de romper com a lógica liberal e apostar no desenvolvimento nacional”, enfatizou o líder classista.
A CTB, juntamente com as demais centrais, entidades dos movimentos sociais e partidos do campo progressista, convocam mobilização nacional para o próximo dia 20 de agosto, contra a ofensiva da direita e em defesa de saídas para a crise que não prejudiquem a população mais pobre.
Para Adílson, não existe outro caminho para levar o país a um novo estágio de desenvolvimento “se não rompermos com essa lógica e apostarmos numa agenda que se aproxime mais da expectativa do povo” que clama por mudanças.
“É preciso retomar o calendário de lutas para enfrentar esse estado de coisas. Temos que ganhar as ruas em defesa de uma agenda positiva, que garanta mais direitos”, conclamou.
Adílson defende a formação de uma ampla frente que reúna diversos setores para barrar a onda conservadora. “É necessário compreender o papel da construção de uma frente ampla de articulação política, que resgate os pressupostos de uma plataforma focada na defesa da soberania, da Petrobras, da indústria nacional, dos direitos sociais e trabalhistas e do avanço econômico, social e político”, pontuou, destacando que essa movimentação não pode ser uma ação isolada.
Para o sindicalista, é preciso a unidade dos movimentos para que o povo brasileiro se manifeste e tome partido na vida política nacional de forma a não permitir nenhum tipo de retrocesso. “Vamos retomar a nossa agenda e colocar o Brasil na condição de uma nação cada vez mais promissora e capaz de enfrentar os gargalos estruturais que o país atravessa”, disse.
Retomada do desenvolvimento
Para o presidente da CTB, o governo precisa fazer a sua parte e apostar na lógica de uma agenda voltada para o desenvolvimento com valorização do trabalho, ampliação da renda e do consumo, garantindo investimentos públicos, principalmente nas grandes obras de infraestrutura.
“É verdade que a situação do pais não é confortável, temos aumento de tarifas de energia, do combustível, mas já vivemos momentos muitos piores”, lembrou o sindicalista, referindo-se aos anos de governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, com quebradeira generalizada das empresas, desemprego e inflação na estratosfera.
“Por isso temos que mudar o rumo da nossa economia, caso contrário, nós corremos um sério risco de retornar ao passado. Um passado obscuro em que se verificou elevada taxa de desemprego, altos índices de inflação, total dependência do FMI [Fundo Monetário Internacional]. Isso não agrada o povo brasileiro”, ressaltou.
O sindicalista destaca que a eleição da presidenta Dilma Rousseff representou a vitória dos interesses da maioria da população, que ansiava o aprofundamento do ciclo mudancista e não o retorno do obscurantismo recessivo. “A crise econômica mundial trouxe dificuldades e jogou uma carga contra o governo. Diante das perspectivas de desenvolvimento que o Brasil alcançou – o que foi algo substancial –, atraiu o interesse do mercado. Há uma pressão muito grande do rentismo para o governo retroceder no seu processo mudancista, o que joga água no desenvolvimento social alcançado nos últimos anos”.
Sobre as medidas do ajuste, na avaliação de Adilson, algumas delas pegaram a classe trabalhadora de surpresa. Trata-se das Medidas Provisórias 664 e 665, que alteraram os prazos de concessão do seguro-desemprego e de benefícios previdenciários.
No entanto, ele classificou como “ações positivas” a postura do governo de buscar o diálogo com as centrais e salientou o posicionamento firme da própria presidenta Dilma contra o PL 4330 da terceirização.
Ditadura de Eduardo Cunha
Ele lembrou que a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como presidente da Câmara dos Deputados, em fevereiro deste ano, “dava sinais de que uma crise de grandes proporções se avistava”.
Segundo ele, a política defendida por Eduardo Cunha representa um retrocesso e um ataque à democracia e aos direitos. “A postura ditatorial de Cunha e seus projetos demonstram que ele advoga por uma política a partir dos seus interesses e dos setores conservadores, não da classe trabalhadora e do povo brasileiro”, afirmou.
Citando como exemplo desse retrocesso, Adílson apontou a reforma política em tramitação no Congresso Nacional que manteve o financiamento empresarial de campanha. “As empresas não são partidos, mas têm crescido a sua representação e definido a pauta no Congresso Nacional, enquanto diminui a representação dos trabalhadores”, lembrou.
O sindicalista também destacou a importância de defesa da Petrobras, contra o uso da Operação Lava Jato para favorecer os interesses das grandes corporações internacionais de petróleo. “A Petrobras é a maior empresa do país e nosso passaporte para o futuro diante de tudo que se projeta com o pré-sal”, destacou.
“Uma crise política exige luta política”, enfatizou Adilson, destacando que os movimentos sociais vão se mobilizar. “Fica mais claro que o caminho é ocupar as ruas. O governo tem muito mais a ganhar ao se aproximar dos anseios e expectativas do nosso povo”, finalizou.
Fonte: Portal Vermelho