Unidade e luta em um governo amplo na reconstrução do Brasil

Unidade e luta em um governo amplo na reconstrução do Brasil

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A vitória eleitoral das forças democráticas em outubro de 2022 se mostrou de grande importância política para o Brasil e os povos da América Latina. Isso por conta da ameaça fascista representada pelo ex-presidente derrotado. Com a eleição de Lula, abriu-se uma nova perspectiva, de reconstrução do País com o fortalecimento da democracia e um desenvolvimento econômico que valorize o trabalho, gere empregos e resgate  direitos. 

Duas questões se mostraram decisivas nessa vitória. A primeira foi a figura e a liderança de Lula, seguramente o único nome em condições de liderar esse processo vitorioso. Sua sagacidade e capacidade política foram fundamentais para a construção de uma frente ampla com 10 partidos bem diferentes. A segunda foi a compreensão dessas legendas de que teriam que se unir em torno do nome mais competitivo na disputa. Essa frente não ficou restrita aos partidos. Envolveu sindicatos e diversas organizações do movimento social.

O DESAFIO

Agora, o desafio é governar em uma situação ainda instável, com o bolsonarismo tentando desestabilizar o novo governo. Além disso, nessa frente ampla (muito maior que em 2002) estão forças políticas que deixaram de apoiar Bolsonaro para apoiar Lula, mas deixando claro que querem ver seus interesses contemplados. 

Da mesma forma, forças que estavam com Lula desde o início e outras que vieram com as articulações do presidente eleito, já se movimentam e dão o sinal de que o apoio precisa ser retribuído. Já podemos ver isso acontecendo: setores do mercado reclamando de Lula falar em combater a fome e da PEC da Transição (nunca reclamaran dos absurdos em 4 anos do governo anterior) e líderes do Centrão impondo algumas condições para apoiar algumas medidas iniciais.

A UNIDADE 

Aqui entra uma importante formulação da esquerda, precisamente desenvolvida pelo PCdoB: a importância de combinar bem e com amplitude o binômio unidade e luta. É a essência da dialética marxista, que considera a realidade como algo que deve ser analisada em movimento e através das suas contradições. 

Partidos, sindicatos e movimentos sociais terão que fazer esse exercício no curso das lutas políticas e das categorias e setores que representam. A tarefa exige análise precisa do cenário e dos movimentos feitos por quem apoia e quem se opõe ao governo Lula. Isso para fazer valer as medidas e políticas essa reconstrução que buscamos.

Já sabemos que se trata de um governo em disputa, ainda maior que em 2002. A unidade se dá ao entender algumas contradições que a gestão enfrentará para implantar as mudanças necessárias, e que o mais importante é conseguir engrenar iniciativas que garantirão a retomada do crescimento e melhorias na vida da população. Enquanto no campo da esquerda, a busca da unidade se dá em torno das medidas mais avançadas, as outras forças (de centro e de direita) também dirão ao presidente que querem unidade também, mas em torno de medidas conservadoras, sem mudanças profundas.

A LUTA

Por incrível que pareça, é a luta permanente do nosso campo (especialmente dos movimentos sociais), mobilizando trabalhadores e sociedade, que pode garantir a unidade que defendemos. A avaliação da correlação de forças em cada momento definirá quais caminhos podem assegurar isso. As ações (nas ruas e nas redes) darão a indicação para as forças de centro que apoiam Lula (mas não querem determinadas mudanças) de que o governo tem respaldo popular para avançar. 

A complexidade do momento exige, também, comunicação de conteúdo e ágil, mas que pode não surtir efeito sem a presença permanente das lideranças em suas bases. É preciso politizar os debates, desfazer as fake news contra o governo, explicar contradições e passar as ideias mais avançadas. As mobilizações, gerais e nas categorias, serão fundamentais. 

Jornalista, publicitário e ex-dirigente sindical e partidário