7 de Setembro: para Bolsonaro, tudo ou nada
Agricultor familiar, atualmente está secretário de Formação e Organização Sindical da FETAG-BA; Foi o 1º Secretário de Políticas Agrícola e Agrária da CTB-Bahia.
Bolsonaro aposta alto no 7 de Setembro porque lhe resta pouca alternativa, motivo pelo qual podemos afirmar que as manifestações nesta data em favor do Presidente certamente definirão o futuro do governo ou o que restará dele, pois, se os atos forem um fracasso absoluto, o presidente e as ameaças de golpe perderão força e caminharão para o fim. Mas se, pelo contrário, houver um número grande de seguidores do ex-capitão nas ruas, o bolsonarismo ganha um suspiro para persistir nas intimidações.
Seja lá qual for o resultado, o fato é que Bolsonaro, ao convocar os fanáticos para as mobilizações, partiu para o tudo ou nada, numa típica atitude de quem está acuado e com baixíssima perspectiva eleitoral e, não é por outro motivo que o presidente, mais uma vez, elevou o tom ao dizer que "se alguém quiser jogar fora dessas quatro linhas, nós mostraremos que poderemos fazer também”, ameaçou, afirmando que ´pode sair das quatro linhas da Constituição´, na data.
Pois bem, além das gravidades pronunciadas, em atos (ou por omissões), o país vive o aumento crescente e exagerado do combustível e do gás de cozinha, elevada e absurda carestia dos gêneros alimentícios, corrupção na compra de vacina e, ainda falta vacina. É visto, ainda, em solo brasileiro o aumento da fome e miséria, promovendo a “Fila do Osso” em Cuiabá, como divulgado.
O tudo ou nada para Bolsonaro, no dia 7 de setembro, ainda, é fruto do desgoverno e a falta de incentivo e a recusa no trato com o povo. Com quase 15 milhões de novos desempregados – a maior taxa dos últimos anos, o Brasil tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): passou do 79º (2019) para o 84º lugar entre 189 países 2021. Não podemos dissociar a redução do poder de compra das classes, sendo à mais afetada trabalhista, chegando em quase 70%, de acordo IBGE, em alguns estados, justificado por uma inflação batendo na casa de 5%.
O apelo do governo Bolsonaro tem a ver com a impopularidade conquistada e, como resposta ao povo, injetou dinheiro para o Centrão o dá sustentação no governo: uma bagatela de R$ 3 bilhões e, contemplando o conjunto, autoriza cerca de R$ 4 bilhões para o Fundão. Enquanto isso, defende e aprova projeto que retira diretos do jovem aprendiz e comida de trabalhadores.
Ainda no aspecto econômico, efetivamente, registra-se que a Petrobrás teve um lucro de R$ 42 bilhões, no 2° bimestre, retirado das costas dos brasileiros para dar aos acionistas da estatal. Aliado a isso, registramos a desvalorização da moeda brasileira, que caiu 20,2%, enquanto as divisas dos 16 principais países emergentes subiram 1,2%. Em 2021, o real tombou 7,7%, essas moedas emergentes recuaram 1,4%. Em suma, o dólar bate na casa de R$ 5,20.
Ainda, vale registrar que o Governo gastou R$ 32,2 milhões com mídias, somente em 2021. Apenas entre janeiro e março foi mais da metade desse montante (R$ 17.8 milhões), distribuído entre as principais emissoras de TV, somente (Globo, Record e SBT)
Economia e cultura – Pois bem, sob a ótica capitalista, é cultural o aspecto econômico e, sem trocadilho, na cultura destacamos a redução do investimento econômico, registrando que o Governo gastou R$ 1,4 bi com captação da lei Rouanet. 2019 era de R$ 1.48 bilhões e 2021 ficará o valor de 1.42 bi.
Este são só alguns elementos e números que mostram que a mamata não acabou. Pelo contrário, ganhou dimensões sem precedentes. Meio a tudo isso, ainda Bolsonaro voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal, onde, sem citar nomes, manda recado para o ministro Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes: “Eu duvido que aqueles um ou dois que ousam nos desafiar, desafiar a Constituição, desrespeitam o povo brasileiro, [não] saberão voltar para o seu lugar” e complementa dizendo que “eles têm que entender o seu lugar. Nas ruas, será o ultimato para essas duas pessoas”, acrescentou ao participar de evento na Bahia.
Como noticiado, o risco de prisão do vereador Carlos Bolsonaro no inquérito das Fake News, as quedas nas pesquisas e as detenções de aliados colaboram para que o cerco se feche contra o presidente, embora, nesta semana, Bolsonaro admitiu que vê três opções para o seu futuro: “estar preso, ser morto ou a vitória”.
Um êxito na eleição de 2022 parece cada vez mais distante. Pesquisas revelam que o ex-presidente Lula ampliou a vantagem e aumentou a chance de vencer no primeiro turno. Por outro lado, de acordo com o PoderData, a aprovação do governo caiu a 27%. A reprovação chegou aos 63%.
Para piorar o cenário para o chefe do Poder Executivo, vieram à tona revelações, feitas por um ex-funcionário da família Bolsonaro, que envolvem, além das já conhecidas rachadinhas, traições, golpes, compra de mansão e outros possíveis crimes do clã.
Por fim, às vésperas das manifestações que podem significar o último suspiro do presidente, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a detenção de bolsonaristas envolvidos na organização dos atos.
A pouco mais de um ano da eleição, o ex-ministro da Justiça Raul Jungmann sintetizou o atual momento: "O governo Bolsonaro acabou, mas não terminou ainda". Cada vez mais, parece ser questão de tempo.
Contraponto
A oposição, apesar de dividida sobre ir às ruas ou não, também fará as suas manifestações, uma vez que recuar por causa das manifestações em favor de Bolsonaro no mesmo dia seria uma demonstração de fraqueza e de pouco compromisso com a luta por um Brasil mais justo. Afinal, o 7 de setembro, a bandeira do Brasil e a camisa da seleção não são patrimônios do bolsonarismo e toda sociedade deve disputar esses símbolos e isso se faz também por meio das mobilizações de rua.
Mas, a mobilização da oposição já estava agendada, convocadas pela Campanha Fora, Bolsonaro. Mas não é só com protestos que a oposição ao atual governo deve se preocupar, pois, o jogo das eleições deve ser pesado contra quem é o favorito para 2022.
Em tempo de pandemia, se o povo vai para rua, promovendo aglomeração, se junta contra esse governo, é sinal que este é pior do que o coronavírus.