Voltamos às ruas por educação, saúde, pão, vida e vacina para todo mundo
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos
As manifestações contra o desgoverno de Jair Bolsonaro no sábado (29) recolocam as forças populares no centro das decisões do país. Milhares de pessoas, respeitando os protocolos necessários para impedir a disseminação do coronavírus, tomaram as ruas de mais de 200 cidades pelo país afora e em diversas partes do mundo gritando pelo Fora Bolsonaro e por vacina para todas e todos já.
Ninguém aguenta mais o desastre Bolsonaro que já tirou a vida de mais de 460 mil brasileiras e brasileiros pela falta de ação desse desgoverno e por seu negacionismo à ciência e à vida humana.
Ninguém aguenta mais a terrível situação. A economia está estanque, o desemprego cresce dia a dia, sem nenhuma perspectiva de melhorias, pequenas e micro empresas fecham as portas e a fome avança avassaladoramente sobre a população.
Por isso, cresce o apoio ao impeachment do presidente como mostra pesquisa do PoderData divulgada na sexta-feira (28), onde 57% da população apoia a saída de Bolsonaro do Palácio do Planalto imediatamente. Única maneira do país ter vacina para todas as pessoas e assim retomar a economia como muitos países estão fazendo.
Mas a vacina tem que ser para todo mundo, se não de nada adianta. Além de continuarmos com todas as medidas sanitárias necessárias para preservar vidas. Precisamos pensar que nação queremos no pós-pandemia.
E para termos um país mais justo e mais humano é fundamental investir em educação. Ao contrário do que esse desgoverno faz. Também os governadores devem avançar com mais recursos para essa área vital para qualquer país se desenvolver plenamente e com justiça social.
Mas o Ministério da (des)Educação insiste em priorizar o “ensino domiciliar”. Esquecem a necessidade das crianças e jovens em interagir com outras crianças e jovens e na troca de saberes desenvolverem-se com mais qualidade, sem preconceitos, respeitando o outro, o diferente. Só uma educação inclusiva, democrática e com qualidade social pode reverberar o novo e ajudar a construir o futuro que queremos com igualdade, liberdade e justiça.
Em São Paulo, por exemplo, o secretário de Educação do estado, Rossieli Soares e o governador João Doria passam recursos públicos para entidades empresariais como o Instituto Ayrton Senna para gerir projetos na educação. Projetos esses que atingem poucas escolas e levam os investimentos que poderiam ser para todas as escolas, especialmente na periferia, onde há maior necessidade, sem intermediários.
Como se essa “terceirização” de responsabilidades não bastasse para acabar com os sonhos de quem vive do trabalho e quer uma vida melhor para seus filhos através da educação, Doria quer implantar as escolas cívico-militares. Um projeto bolsonarista que visa entregar as escolas públicas para as mãos de policiais militares ou integrantes da reserva das Forças Armadas.
O que acarretará repressão e desqualificação das nossas crianças e jovens. Querem educar pela pedagogia do medo, da opressão e do desrespeito. Já sabemos de antemão que agir assim é o mesmo que varrer a casa e esconder a sujeira embaixo do tapete. Um dia essa coisa explode e os resultados podem ser desastrosos.
Um país só tem como avançar com soberania com uma educação valorizada, com profissionais respeitados e bem pagos, com currículos a favor do saber, da democracia. Uma escola que valorize o diálogo a troca de saberes, a diversidade e a liberdade.