Saúde todos querem. Quem tem? É possivel?
Secretário de Formação e Organização Sindical da FETAG-BA
Passou de 01 ano quando surgiu o primeiro caso da pandemia pelo novo coronavírus (COVID-19), identificado em Wuhan, na China, no dia 31 de dezembro de 2019. A partir daquela data, os casos começaram a se espalhar rapidamente pelo mundo: primeiro pelo continente asiático, e depois por outros países, tendo registrado o primeiro caso no Brasil, ocorreu em fevereiro de 2020, em São Paulo, confirmando a primeira morte, no mês de março, após a Organização Mundial da Saúde (OMS) definir o surto da doença como pandemia.
Lá se vão os dias, as semanas, os meses. Lamentavelmente, o mundo registra 96.218.601 de casos, com um total de 2.058.534 de mortes. Enquanto isso, no Brasil, o total de casos é de 8.573.864, com o patamar de 211.491 vidas perdidas.
Por outro lado, a disputa pelas vacinas é grande. Partidarizando ou não, o país conta com 03 vacinas contra a Covid-19, em revisão final para uso emergencial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os imunizantes são os seguintes: Pfizer/BioNtech (já aprovado) e, recentemente foi aprovada em caráter emergencial a vacina da AstraZeneca/Oxford e Sinovac/Coronavac, em parceria com os institutos brasileiros Fiocruz e Butantan, respectivamente.
Todo esse cenário é conhecido e evidenciei por se tratar de procedimentos curativos providenciais. Ou seja, busquemos o tratamento e a cura após a doença nos afetar. Claro que em se tratando de pandemia, na magnitude do novo coronavírus não tem como prever ou evitar, mas em outro contexto, vamos desenrolar.
É nesse cenário que a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) firmou uma parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), a Rede de Médicos e Médicas Populares, a Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde – CONACS, a Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde – ANEPS e o Movimento SUS nas Ruas para a realização do Curso de Formação de Multiplicadores em Práticas Integrativas e Complementares de Saúde, que iniciou no último dia 15 de outubro.
O objetivo prioritário do curso é formar multiplicadores e multiplicadoras da base do movimento sindical rural em práticas integrativas e complementares em saúde com foco na construção de parcerias com as redes de profissionais de saúde, para o fortalecimento das ações na Atenção Básica a partir das PICS nas comunidades rurais. O desenvolvimento das ações a partir das PICS tem um papel fundamental no apoio a pessoas que necessitem acessar os serviços de saúde pública, principalmente considerando os níveis de agravamento de doenças tanto física como mental neste período da pandemia.
Se faz necessário dar especial atenção às práticas integrativas em saúde, especialmente para a saúde pública das populações do meio rural. Precisamos fortalecer as PICS para a agricultura familiar e vice-versa.
Exemplos e iniciativas que estão sendo desenvolvidas no Brasil, tanto no meio acadêmico e no âmbito do SUS, com parcerias entre organizações sociais e em comunidades tradicionais, que agregam agroecologia, cadeias produtivas e diversas ações que garantem alimentos e ambientes saudáveis, além de apresentar as possibilidades de articulação para aproximar agricultores e agricultoras familiares de trabalhadores, gestores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece, de forma gratuita 29 procedimentos de PICS à população.
PICS são tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para prevenir diversas doenças como depressão e hipertensão. Em alguns casos, também podem ser usadas como tratamentos paliativos em algumas doenças crônicas.
Evidências científicas têm mostrado os benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e práticas integrativas e complementares. Além disso, há crescente número de profissionais capacitados e habilitados e maior valorização dos conhecimentos tradicionais de onde se originam grande parte dessas práticas.
Como providência, para auxílio de informação e na busca pelas PICS, registro aqui que as mesmas estão presentes em quase 54% dos municípios brasileiros, distribuídos pelos 27 estados e Distrito Federal e todas as capitais brasileiras e, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil é referência mundial na área de práticas integrativas e complementares na atenção básica. É uma modalidade que investe em prevenção e promoção à saúde com o objetivo de evitar que as pessoas fiquem doentes. Além disso, quando necessário, as PICS também podem ser usadas para aliviar sintomas e tratar pessoas que já estão com algum tipo de enfermidade.
Assim sendo, procure a Secretaria Municipal de Saúde do seu município. Vamos reivindicar junto ao Conselho Municipal de Saúde aliado a essa mobilização organizativa o fortalecimento das PICS, em defesa da saúde pública, conclamo, ainda, a engrossar as fileiras da ANEPS (Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde) no seu estado. Procure as representações da saúde e da educação popular. Organização é a bandeira da esperança.
Vamos defender a saúde pública, gratuita e de qualidade.
Juntemos nossas forças. Vamos nos unir. Vamos garantir e fortalecer o SUS.