Sindicalismo Classista

Sindicalismo Classista

Presidente da CTB-Bahia

As contribuições dos fundadores do materialismo histórico sobre os sindicatos. Marx e Engels reconhecem o papel dos sindicatos enquanto polo aglutinador do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras em torno de suas reivindicações imediatas, porem apontam insuficiência em superar as relações capitalistas de produção, já que representam uma dimensão constitutiva da própria relação dos assalariados.

Podemos identificar, ao longo da trajetória de Marx e Engels, uma positividade crescente atribuída à ação sindical, evidenciando ao mesmo tempo suas potencialidades e limitações. Por mais importantes que seja as lutas por conquistas econômicas, a superação da ordem burguesa exige outro patamar e compreensão da luta de classe, pois a dinâmica sindical por si só não altera as relações de produção, apenas impõe limites à exploração.

Para nós que defendemos o sindicalismo classista entendemos que, a ação sindical tem grande relevância como fator de contenção da diminuição do preço da força de trabalho, servindo de escudo da sanha do capital em busca de mais lucro. Porém, tal atuação se dá no quadro da mercantilização da força de trabalho e só com a organização do sindicalismo classista enquanto vanguarda da classe, na condição de depositários dos interesses históricos dos trabalhadores, só com muita consciência de classe e organização o pensamento economicista pode ser superado pela perspectiva da conquista do poder político.

Dessa forma, a tarefa dos comunistas seria valer-se das potencialidades da luta sindical, enquanto meio para alçar a luta de classes ao patamar da luta política, já que os sindicatos são capazes de forjar a unidade necessária entre os trabalhadores para sua ofensiva contra o capital.

A corrente classista entende que o pensamento de Lênin é a mais adequada abordagem da questão sindical em sua articulação com a política revolucionária. Foi a partir da contribuição de Lênin que surge a compreensão de que a política eleva à condição, não só de teoria revolucionária, mas também de prática revolucionária, ao que acreditamos também que é Lênin quem assinala a inserção da dialética no âmbito da ação política das massas. Em consonância com as formulações presentes em Marx, Engels e Lênin, reconhecem a importância da luta econômica, em especial das greves, no sentido de fomentar a identidade de classe do operariado em oposição aos patrões.

Compreendemos os sindicatos tem limitação em responder às questões que ser referem à totalidade da vida dos trabalhadores pois restringe-se as lutas imediatas entre burgueses e operários, não possibilita um desenvolvimento de consciência que aponte para além das lutas econômicas, dos interesses essenciais dos trabalhadores pela via da ação sindical aponta para necessidade do partido enquanto organização revolucionária capaz conduzir os trabalhadores à conquista do poder político.

Na compreensão do sindicalismo classista cabe ao partido político, enquanto organização centralizada, disciplinada, formada por revolucionários operários, participar das lutas reivindicatória da classe de modo a operar como elemento de transição da consciência sindical para a consciência socialista.

Só o partido político atuando junto às lutas dos trabalhadores, para cumprir o papel de educá-los politicamente transformando de classe em se, em classe para se. Com o amadurecimento da consciência revolucionária, de modo a desenvolver o elemento subjetivo necessário à revolução socialista, superando a dimensão da espontaneidade.

Estamos vivendo uma fase de violenta regressão, um contexto tão hostil às forças do trabalho, onde a ofensiva reacionária tem sido uma narrativa cotidiana com uma ofensiva regressiva, com a deterioração das condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, aumento do desemprego, ofensiva contra os direitos, bem como no plano ideológico, com a captura da subjetividade da classe para o individualismo exacerbado.

É imprescindível nos apropriarmos da discussão proposta pelo sindicalismo classista, buscando o fortalecimento e a ampliação dos espaços de lutas junto aos sindicatos, potencializando as instâncias organizativas da classe e contribuindo para o avanço de sua consciência. Para o enfrentamento direto entre patrões e trabalhadores, na busca constante de uma teoria científica capaz de pensar em um programa que atenda às exigências colocadas ao proletariado enquanto sujeito histórico da emancipação humana da consciência revolucionária apontada por Lênin.

A formação da consciência política se apresenta como síntese da luta organizada e da formação teórica, cabe ao partido a elaborar teórica capaz de fornecer um entendimento científico da realidade para além de sua apreensão e superação da consciência da classe em si à classe para si.