Boulos defende que unidade do campo progressista vá além das eleições

Boulos defende que unidade do campo progressista vá além das eleições

Guilherme Boulos (PSOL) encara como uma “vitória política” o segundo lugar conquistado nas eleições à Prefeitura de São Paulo. Mesmo derrotado pelo prefeito reeleito Bruno Covas (PSDB), ele recebeu o voto de mais de 2 milhões eleitores paulistanos que foram às urnas, domingo (29), no melhor desempenho de um candidato de seu partido em capitais no eixo Sul-Sudeste. Além disso, reuniu, em seu palanque no segundo turno, PT, PCdoB, PDT, PSB, Rede, PCB e UP.

Segundo Boulos, o desafio, agora, é garantir que a esquerda alcance a unidade para além destas eleições municipais. “As diferenças que existem hoje no campo progressista estão no varejo perto daquilo que nos separa do projeto bolsonarista, do Doria. Nós, da esquerda, tivemos uma presença forte no segundo turno, um cenário muito diferente dos de 2016 e 2018, do ponto de vista da força de um projeto progressista”, afirma ele, em entrevista à Folha de S.Paulo.

“Nem sempre (o resultado) é no tempo que a gente quer, do jeito que a gente quer. A gente tem que olhar as coisas não apenas pelo resultado de uma eleição, mas pelas tendências”, agrega Boulos. “Esta eleição pode ser um enfraquecimento considerável de um ciclo de autoritarismo. Prefiro olhar para a frente”.

Nesse sentido, “para tirar o Brasil desse atoleiro”, ele afirma que a união dos partidos de esquerda “não pode ser construída às vésperas da eleição” – e, sim, de forma mais permanente. “Tendo saído mais forte das eleições, vou ajudar a construir um processo de unidade do campo progressista, não apenas do ponto de vista eleitoral, mas também da disputa política. Não se trata de algo que se encerrou no dia de ontem [domingo]. Está começando. A nossa campanha aponta para o início de um novo ciclo.”

Ainda em quarentena, recuperando-se da Covid-19, Boulos avalia que enfrentou uma eleição em “condições desiguais desde o princípio” – “uma batalha de Davi contra Golias”. No primeiro turno, por exemplo, tinha apenas 17 segundos de propaganda eleitoral na TV, ante quase quatro minutos de Covas. “No segundo turno – o mais curto da história das eleições –, as condições se igualaram do ponto de vista de TV, mas não do de recursos”, afirma. “As restrições colocadas pela pandemia também afetaram mais diretamente uma campanha como a minha, de mobilização muito forte, de rua.”

Com a campanha encerrada, Boulos projeta as tarefas de 2021. “Mesmo estando vinculado aos temas de São Paulo, ao enfrentamento da desigualdade na cidade, vou estar mais focado em temas nacionais com o desafio de ajudar a construir uma unidade no campo progressista e da esquerda. O que essa nossa campanha mostrou é que é possível uma articulação e uma união de figuras de campos de esquerda que estavam afastadas até aqui.”