O crescimento da esquerda progressista na América Latina e no mundo
Líder comunitário na Zona Sul de São Paulo e candidato a vereador
Uma onda progressista assusta a extrema-direita e o imperialismo estadunidenses. A menos de duas semanas para a eleição à Casa Branca, o democrata Joe Biden dispara à frente do presidente e candidato republicano à reeleição, Donald Trump.
É um reflexo do repúdio ao neoliberalismo, que não vem dando certo e só expurga políticas públicas e sociais que ajudaram a população de baixa renda nos Estados Unidos. A liderança de Biden também reflete o tratamento irresponsável e negacionista do governo Trump perante a pandemia de Covid-19.
Essa postura da extrema-direita estadunidense, imitada por outros chefes de Estado, feriu a integridade e os direitos da população, abrindo espaço para êxitos da esquerda e do campo progressista mundo afora. Exemplo dessa onda foi a vitória em primeiro turno do candidato de Evo Morales a presidente da Bolívia, Luis Arce, anunciada na última segunda-feira (19).
Poucos dias antes, na Nova Zelândia, vimos a expressiva vitória do Partido Trabalhista, da primeira-ministra Jacinda Arden, sobre o Partido Nacional. Trata-se de uma resposta do povo neozelandês ao combate competente da chefe de governo contra a pandemia. Pela primeira vez em décadas, a Nova Zelândia verá um governo de partido único.
Outro fracasso da direita, desta vez na América do Sul, foi a derrota do presidente argentino Maurício Macri (Proposta Republicana) para o peronista Alberto Fernández e sua vice, a ex-presidenta Cristina Kirchner, na eleição de 27 de outubro de 2019. Com seu governo neoliberal, de Estado mínimo, Macri levou a Argentina a uma grande crise econômica. Admitindo seu fracasso, ele pediu US$ 50 bilhões ao FMI – valor que depois foi complementado com mais US$ 7 bilhões.
Quatro dias antes da vitória de Fernandéz na Argentina, a reeleição de Evo Morales (MAS) para seu quarto mandato na Bolívia foi confirmada, com cerca de 10% de vantagem sobre o candidato da oposição. Mas o mandato que se iniciaria em janeiro deste ano e iria até dezembro de 2025 foi interrompido antes de sequer ser iniciado. Um golpe orquestrado pela direita, manipulada por interesses imperialistas, obrigou o presidente e seu vice a renunciarem em 10 de novembro. Um ano depois, o povo boliviano respondeu à altura.
Um golpe de outro tipo foi tentado na Venezuela, onde Juan Guaidó (VP) se autoproclamou presidente do país e foi imediatamente reconhecido por diversos líderes mundiais de direita, incluindo Trump. Porém, a tentativa de golpe foi frustrada – o líder chavista Nicolás Maduro permaneceu no poder e governa o país mesmo sob forte pressão e sanções para a sua queda. Maduro também teve êxito no combate ao novo coronavírus e vê o número de contágio caindo dia após dia no país.
Não faltam provas do descontentamento do povo com a direita neoliberal golpista – o que se renova com triunfo do MAS na Bolívia. Que a reação popular continue a ser esta onda, que vem tomando força e logo virará um tsunami progressista mundo afora.