Dia da Professora e do Professor: profissionais respondem porque escolheram essa
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Para homenagear os docentes brasileiros, no Dia da Professora e do Professor, em 15 de outubro, foi feita a pergunta: O que te levou a ser professora ou professor?
Isso por causa da infeliz frase do ministro da Educação, Milton Ribeiro em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo, onde diz que “hoje, ser professor é ter quase uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa”.
Os depoimentos de 27 profissionais que escolherem serem docentes, desmentem integralmente ao ministro. Como escreveu o escritor Ignácio de Loyola Brandão: “Ministro, não ignore o fundamento de uma nação, o professor. Esse que é mal pago, desconsiderado, violentado, processado por pais, agredido por alunos. Sou escritor por ter tido professores dignos. Percorra a nossa história e verá quantas figuras fundamentais (ou não) foram formadas por eles”. Brandão recomenda a Ribeiro pedir desculpa pela infâmia.
Existem no país cerca de 2,5 milhões de docentes, a maioria na educação básica e mais de 80% são mulheres. A grande maioria em escolas públicas muito maltratadas, principalmente sob o atual governo. Os salários são péssimos, as escolas sem a infraestrutura básica para o bom desenvolvimento da aprendizagem. Falta tudo, até salários e planos de carreira. Só não falta amor e muita disposição de seguir adiante com objetivo de tirar o pais da ignorância, de altos índices de analfabetismo funcional e de colaborar para o país crescer com soberania.
Seguir a máxima do cantor e compositor Gonzaguinha (1945-1991) e saber a “beleza de ser um eterno aprendiz”, é a essência da profissão com responsabilidade de elevar o patamar de conhecimento de uma nação. Não existe jornalista, advogado, juiz, escritor, cientista, artista, deputado, senador, governador, e pasmem, presidente, que não tenha sido alfabetizado por uma professora ou professor.
Com a quarentena por causa da pandemia do coronavírus, toda a sociedade viu a essencialidade dessa figura na vida das crianças e jovens e de todas as pessoas, Contra todas as perseguições e ataques contra as professoras e professores como antídoto fica a dedicação e a perseverança para mudar o país e melhora a vida de todas as pessoas que todos esses profissionais carregam com si e levam para as escolas. Sem esse profissional não há como o país andar para frente.
Anjos da Guarda, de Leci Brandão
Ana Cristina Pereira Rodrigues, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas
Ainda adolescente eu queria ter uma profissão que fizesse a diferença. Então decide que seria professora e através da minha atuação iria contribuir para a melhoria de vida de meus alunos e alunas. Ao ingressar no magistério me apaixonei pelo ofício e vi que além de contribuir para a vida de meus alunos eu poderia lutar para melhorar a vida da sociedade e minha própria, dessa forma, contribuindo para uma sociedade melhor.
Berenice Darc, secretária de Relações de Gênero da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
Venho de uma família em que, principalmente a minha mãe, fez um esforço gigantesco para que os filhos estudassem. E essa atitude dela, me fez perceber que eu tinha que me esforçar para que as pessoas pudessem estudar também.
O que me levou a ser professora foi perceber que a sociedade precisava que as pessoas compreendessem o seu verdadeiro papel para melhorar a vida das pessoas. O quanto elas poderiam, sabendo desse papel, contribuir para a mudança das relações sociais. O quanto poderiam contribuir para a sociedade ser mais justa. Para que a sociedade possa observá-las como seres humanos, como sujeitos, como seres que agem.
E agem porque compreendem a sociedade, porque querem transformar a sociedade. Não ficam aceitando passivamente todas as questões. E esse sujeito sabe o seu papel no mundo do trabalho e por isso pode atuar para que seu trabalho contribua com a sociedade, para melhorar a vida de todo mundo. Ajudando a construir uma sociedade melhor, mais justa, mais igualitária.
Eu já achava que a educação podia transformar os sujeitos. Depois ouvi isso de Paulo Freire. Acabou que eu aprendi muito nesse meu caminhar como professora, porque educação é uma troca onde aprendemos muito mais do que ensinamos.
Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
Nasci no interior de Minas Gerais e as minhas primeiras professoras mostraram uma sensibilidade e uma capacidade de ensinar invejável. A dedicação delas me deixava impressionada. Mais tarde fui estudar em um colégio de freiras franciscanas e a mesma sensibilidade para ensinar me impressionava e ainda mais a atenção delas para com as necessidades de suas alunas.
Então resolvi fazer o magistério. Depois de concluído voltei para a minha cidade, onde quem tinha magistério era “rainha” ou “rei”. Fui trabalhar com alfabetização de pequenos e recebi a “melhor” turma. Uma turma de crianças sem carências porque naquele tempo, os filhos dos ricos e da classe média iam para a escola pública.
No ano seguinte pedi para trabalhar com os alunos “problemáticos”. Aqueles que não conseguiam passar para o segundo ano. Queria entender porque isso acontecia. Por que esses alunos ficavam na es cola sem aprender a ler?
Descobri a importância da educação como difusora do conhecimento para mudar a vida das pessoas. O que faltava mesmo para esses alunos repetentes era alimentação, carinho, amor e autoestima. Para que eles se sentissem com capacidade de aprender. Foi quando descobri que a educação tem um papel primordial na transformação da sociedade e da vida.
Claudete Alves, presidenta do Sindicato dos Educadores da Infância de São Paulo (Sedin)
Desde criança já mostrava vocação para ser professora. Escolhi a educação infantil pela certeza de ser necessária no processo educacional. E principalmente porque nessa faixa etária (de zero aos 6 anos) as crianças necessitam de muita atenção, carinho, afeto e dedicação para terem um desenvolvimento pleno.
Elza Melo, dirigente da APLB – Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia
Desde muito cedo eu entendi que a maior riqueza do homem é o conhecimento. Assim, fui compreendendo que a inteireza do homem, como um cidadão pleno, só se dará por meio da educação.
Enquanto ainda muito jovem, no processo de formação, eu não tinha uma real consciência do papel do professor na sociedade. Porém, aos poucos fui me dando conta de qual é exatamente o nosso papel no mundo. Percebi que, para além de mediar os conhecimentos, em interação, oportunizando trocas de experiências entre os educandos, nós preparamos sujeitos que serão os atores da contínua transformação da sociedade. Uma sociedade que seja justa, igual, mais humana, onde todos os indivíduos tenham as mesmas oportunidades e os mesmos direitos. Por certo tal condição não é possível sem que todos tenham acesso ao saber.
Na sala de aula acontecem as aprendizagens significativas, onde alunos e professores, em situações de interação entre si e com o conhecimento, transformam-se para transformar a sociedade.
Por isso, escolhi ser professora. Inserida nesse processo, vejo-me participando da construção de um mundo melhor.
Francisca Pereira da Rocha Seixas, secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp – Sindicato dos Professores da Rede Oficial do Estado de SP
Como vim da roça, minhas professoras e professores sempre foram um referencial importante para mim. As aulas bem ministradas sempre me deixaram encantada. Sempre soube que seria professora. Acho que esse desejo nasceu junto comigo. Tenho muito orgulho de ser professora.
Helmilton Beserra, presidente da CTB-PE
Escolhi ser professor pela ideia de poder conscientizar os jovens para um novo mundo. Comecei a militar aos 13 anos, em plena ditadura. Os professores eram muito conservadores na época. Só o fato de alguns deles curtiram música popular em 1978, achava serem progressistas. Mas para decepção não eram.
Isis Tavares, presidenta da CTB-AM
Quando pensei em ser professora, pensei na relevância social da educação. Eu pensava na formação de pessoas e o quanto isso poderia ser importante para as crianças e para os jovens. Porque o conhecimento é transformador.
Joelma Bandeira, presidenta CTB-AP
Quando criança, brincava de professora com as coleguinhas e era apaixonada por crianças. Aos 7 anos, dizia que seria pediatra. Mas a vida me levou mesmo ao magistério. Então com 15 anos já trabalhava na escola que estudava para pagar meu curso.
Me formei numa excelente escola de Belém e fui contratada assim que formei. Todo ano tinha lista dos pais pedindo para eu ser professora dos filhos deles. Fiquei famosa como alfabetizadora da escola.
Joelson Chaves de Queiros, presidente da CTB-RO
Quando jovem não imaginava que pudesse ser professor, mas o andar da carruagem me levou para essa nobre profissão. Tive excelentes professores, que me influenciaram bastante nessa escolha. O que eles falavam, o incentivo constante aos estudos, colocando a educação em primeiro lugar para mudar de vida e ajudar a melhorar o mundo.
Então, hoje eu tenho a educação como uma bandeira de luta para convencer as pessoas a respeitar os limites. Não precisa haver uma distância tão grande onde poucos têm dinheiro para jogar fora e tantos sem o pão de cada dia.
Eu tive outras oportunidades, mas abracei a educação para levar adiante a ideia de transformar o mundo num local pra se viver para todas as pessoas. E assim construir uma sociedade com justiça social.
Escolhi ser professor. Sou feliz. E luto para que esse profissional tenha o valor que merece. Porque educação é fundamental para construir o novo. E sem professor isso não acontece. Por isso, sou presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Rondônia.
Josandra Rupf, secretária de Educação e Cultura da CTB-ES
Minha mãe era professora. Inicialmente estar naquele ambiente e vê-la em atividade me influenciou muito. Depois me apaixonei por ter a chance de levar conhecimento e também poder aprender com tantas pessoas e com tantas histórias. Ser professora vai além do ensinar e aprender. É uma relação que se eterniza no tempo. Todos de uma forma ou de outra lembram de seus professores . Fazer a diferença na vida dos meus alunos é o que me move. Seremos raízes e faremos as arvores florirem.
Kátia Gaivoto, vice-presidenta da CTB-MG
Sempre achei que é pela educação que poderíamos mudar o mundo. Por isso escolhi ser professora de História. Minha mãe me dizia que eu criança ainda, só dizia que queria ser professora. Brincava com isso, antes mesmo de saber ler e escrever. É a melhor das profissões porque exige muita entrega, muita disposição e com isso colher bons frutos.
Lidiane Gomes, secretária de Igualdade Racial da CTB-SP
O acaso me fez professora. Eu estava terminando meu curso de especialização e fiquei sem dinheiro porque fiquei sem estágio remunerado. Minha madrinha, que era vice-diretora de uma escola, me chamou para dar aulas. Fui direto para a então 5ª série (atual 6º ano) dar aula de História. Comecei a dar aula e na hora que parei de falar com eles, depois de 50 minutos, que era o tempo de aula nesse tempo, percebi eles todos olhando pra mim com os olhos arregalados e cheios de curiosidade. Nesse momento soube que eu seria professora para o resto de minha vida. Então, o acaso me fez professora, mas o amor me fez permanecer na profissão.
Mara Kitamura, presidenta do Sindicato dos Professores de Sorocaba e Região
Quando era aluna em plena década de 1970 (período da ditadura militar), não podíamos criticar ou até mesmo discutir diversos assuntos. Sempre gostei de geopolítica, então decidi que seria uma professora diferente, onde o aprendizado seria uma união de conceitos e ideias. Aluno e professora se completando.
Marilene Betros, secretária de Políticas Educacionais da CTB
Virei professora pela vontade de querer passar informação e fazer o outro crescer. Já nos meus 15 anos, eu ajudava a orientar meus irmãos mais novos e os vizinhos. Comecei a brincar de escola e isso me mostrou um caminhar, me mostrou que é dando as mãos que se avança, me mostrou que era preciso ajudar compreender o outro. Era preciso entender que estabelecer esse elo de ligação me fez compreender que eu estava prestes a cumprir uma missão. A missão de conduzir meus alunos nos caminhos do conhecimento, sempre respeitando-os como pessoas em fase de crescimento e cada um no seu momento. Percebi que o desenvolvimento humano é constante e contínuo e que cada um tem um ritmo próprio de crescimento.
A missão de ensinar exige amor, força e determinação. Exigiu de mim muito estudo, muita pesquisa, num processo constante. Percebi que a cada dia precisava aprender mais e mais e com isso cumprir essa tarefa essencial de ajudar as crianças e jovens a buscarem novos conhecimentos e construírem suas vidas com mais dignidade.
Olgamira Amâncio, vice-presidenta do Fórum Nacional de Pró-reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras
Tornei-me professora possivelmente pelo fato de ser de uma família com vários professores (minha mãe, minha irmã mais velha, um tio…), mas também por ser de uma cidade com características interioranas Planaltina, em Goiás) bastante conservadora e na minha geração a profissão para mulheres que conseguiam estudar era exatamente esta ser professora. Na verdade o subtexto era: “moça de família tinha que ser professora”.
Me lembro que eu queria mesmo ser contadora. Tinha um tio que morava em Goiânia. Ele era contador e era uma pessoa muito elegante. Eu o achava muito estiloso e queria ser como ele. Acho que na minha adolescência aquela era a imagem de sucesso mais presente em minha vida. Isso foi tão importante que fiz simultaneamente dois cursos de segundo grau, o magistério durante o dia e contabilidade à noite. Conclui os dois cursos com sucesso, como contabilidade era um curso de apenas 3 anos terminei com apenas 17 anos e não podia trabalhar. Continuei na escola normal que era um curso de 4 anos, ao concluir o curso, passei imediatamente no concurso de professora no Distrito Federal e desde então sou professora. São mais de 42 anos de magistério.
Meu certificado em contabilidade serviu para que eu fizesse com tranquilidade o meu imposto de renda e de minhas colegas da escola onde trabalhava, quando não tínhamos aplicativos e tudo era manual
Paulo José Nobre (Paulinho), secretário-geral da CTB-SP
Desde a minha 6ª série (atual 7º ano) pensava em ser professor. Gostava muito de matemática e dava aula para os meus amigos que não entendiam a matéria. Quando entrei na faculdade em 1989, um professor disse que nós correspondíamos à elite intelectual da sociedade brasileira porque apenas 2% ingressavam o ensino superior naquela época e somente 1% concluía o curso.
Eu e meus irmãos fomos muito estimulados a estudar pela minha mãe, que tinha apenas feito até o 4º ano do antigo primário. Por isso eu e meus irmãos jamais esquecemos esse legado que ela nos deixou. Ela sempre pegava no pé para nos dedicarmos aos estudos. Essa insistência dela levou meus irmãos para o mundo acadêmico e eu virei professor de História e já se vão mais de 30 anos de carreira.
Railton Souza, presidente da CTB-GO
Eu fui uma criança muito comunicativa. Adorava falar, reunia os amigos para conversar. Na juventude isso se expressou de uma forma muito significativa. Fui liderança de movimento social, movimentos religiosos durante a adolescência e juventude. E no púlpito fui adquirindo a capacidade de falar em público e de me comunicar com grupos maiores. Dava palestras tanto em Goiânia quanto no interior do estado e até em viagens pelo país.
Então, ensinar para mim é um prazer. Sou professor porque gosto de ensinar, Essa é juma dimensão fundamental, ajudar as pessoas a serem autônomas. Como professor de Filosofia essa é uma característica fundamental. Ajudar as pessoas a serem mais críticas, a formar uma cidadania ativa e participativa.
Entendo que ensinando aprendemos muito mais. Portanto, além do prazer de ensinar é o prazer de aprender ensinando e ajudar as pessoas a construírem sentidos pessoais, individuais, sentidos existenciais nas suas vidas. Sentidos éticos e sociais para contribuírem com ideias, com pensamentos que possam favorecer a construção de visões de mundo, de sonhos, de ideais e tudo isso no sentido de colocar as pessoas a se movimentarem, a serem mais ativas na luta para a construção de um mundo melhor, mais humano, mais sensível, um mundo com mais esperança e acima de tudo com alegria de viver.
Então, ensinando eu aprendi que coloquei sentido em minha vida. Ensinar é a tarefa essencial, aquilo que é a minha razão de ser e de existir no mundo. Quando perguntam o que faço, respondo que sou professor. Tudo o mais é decorrência do fato de eu ser professor.
Raimunda Gomes (Doquinha), secretária de Comunicação da CTB
Virei professora por duas questões. Primeiro, foi a falta de oportunidade, porque na minha cidade, onde nasci, me criei e fiz o magistério, no interior do Amazonas, o mercado de trabalho era muito limitado e a profissão que oferecia maior estabilidade financeira era a de professora.
Segundo, o incentivo da congregação Marista, onde iniciei minha participação no grupo de jovens. Nessa organização juvenil, ligada à igreja católica, eu comecei a ter noção das mazelas sociais e como a educação poderia ajudar as pessoas a interagirem melhor com o mundo.
Lá no grupo de jovens escolhi ser professora, mas também decidi que não seria apenas uma professora, seria uma professora militante nas causas sociais. Em dois anos de magistério, já era sindicalista, mas não era o bastante, eu queria mais, queria ser professora em condições de formar outros professores, por isso fiz mestrado e fui trabalhar com formação de professores, o que eu amo. Ou seja, sou genuinamente uma professora por excelência, que ama a profissão e em 35 anos de magistério nunca me arrependi da escolha que fiz.
Robson Camara, secretário de Formação da CTB-DF
Decidi ser professor por pensar em uma educação emancipatória, que leve as pessoas a uma reflexão ampliada sobre um novo modelo de sociedade. Pela própria etimologia da palavra, professor é uma ideia de conhecimento construído pela humanidade. Esse é o meu princípio de educação.
Rosa Pacheco, professora aposentada
Escolhi ser professora. Mesmo com tamanha desvalorização da educação no Brasil, não me arrependi. Não é verdade que se tornam professores aqueles que não tiveram uma “escolha”. Por causa de tantos contras como salários baixos, falta de estrutura e apoio, é que tornam essa escolha ainda mais valorosa.
Sheyla Mendes da Silva, secretária-geral do Sedin
Desde muito pequena sempre quis ser professora por acreditar que posso ajudar outras pessoas com a troca de experiências de vida. Sempre gostei muito de crianças e acredito que posso ajudá-las a serem mais felizes.
Silvana Conti, vice-presidenta da CTB-RS
Eu entrei na escola com 5 anos já alfabetizada. Eu não tinha nenhum incentivo para estudar porque minha mãe era analfabeta e meu pai um trabalhador de chão de fábrica. Quando entrei na escola, descobri um outro mundo. Descobri que eu poderia conhecer as coisas e que era muito importante estudar para buscar outra perspectiva de vida. Terminei o ensino fundamental com 12 anos e já sabia que queria ser professora. Estou aposentada e ainda reconheço meus alunos e alunas da rua pelos olhos, já que estamos nessa pandemia, mas eu conheço e sei os nomes deles e foram milhares de alunos e alunas.
A escola para mim é o melhor lugar. O lugar do encontro, do abraço, da aprendizagem, da troca e da transformação. Acredito que a educação é uma ferramenta de transformação social. Sou professora porque escolhi. E escolhi trabalhar nas escolas das periferias de Porto Alegre e encontrei nesses anos todos muita gente maravilhosa, muita gente trabalhadora, muita gente com muitos sonhos e acredito que isso tem tudo a ver comigo porque também tenho muitos sonhos.
Eu sonho um dia vivermos em uma sociedade sem classes sociais, onde todas as pessoas tenham trabalho, educação, saúde, cultura, esporte e que as pessoas possam ser muito felizes.
Solange da Silva Carvalho, 1ª vice-presidenta do Cpers – Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Estado do Rio Grande do Sul
Durante o período que estudava na faculdade, antes do curso, tínhamos uma introdução, com algumas matérias. Fiz uma eletiva de História e tive bastante facilidade. Li os livros “Olga”, de Fernando Morais e “As Veias Abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano, e me apaixonei por História. Decidi ser professora por entender que é uma profissão apaixonante, possibilita a troca, o debate, o desenvolvimento do conhecimento, tanto de alunos, quanto das professoras e professores.
Thiago Barbosa, vice-presidente da CTB-PA
Inicialmente me tornei professor por influência de família, minha mãe é professora aposentada da Rede Estadual de Ensino do Pará. Além disso, fiz esta escolha por achar que a sociedade precisa de amparo, principalmente os menos favorecidos, humildes, e acredito que a educação é a principal arma para libertação e transformação social.
Valdete Souto Severo, presidenta da Associação Juízes para a Democracia, juíza do Trabalho e professora universitária
Sempre gostei de dar aula. Fiz o curso magistério porque sempre achei que o ambiente escolar era o ambiente mais propício para a troca de afetos e para a construção de saberes. Eu tenho muito carinho pela profissão de professores. Sou filha de professora da rede estadual. Minha irmã é professora de biologia. Eu nunca abandonei o magistério.
Fiz o magistério e dei aula alfabetizando por 5 anos enquanto fazia a faculdade de Direito. Depois que entrei na magistratura segui dando um jeito de dar aula e até hoje dou aula porque realmente é uma coisa que me apaixona muito.
Valéria Morato, presidenta da CTB-MG
Sou professora de educação infantil e fundamental 1. Isso me mostrou que desde cedo a professora tem grande importância. Ajudar a aprender como conviver, o respeito mútuo, a socialização e a ler, é tudo muito gratificante. Então, para mim, ser professora é ter a possibilidade de ajudar a enxergar além do que os olhos podem ver. Não há nada mais gratificante do que acompanhar o processo de alfabetização, do conhecimento das letras até à leitura e à escrita de textos. E de repente, ver aquela pessoa que você viu pequena, se desenvolver social e Intelectualmente e se formar como profissional que interfere na sociedade, sobrepõe a desvalorização dos governos à nossa categoria. Sou professora com muito orgulho.