A Marcha Nacional das 100 mil Mulheres Negras
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Por Mônica Custódio*
Idealizada em Salvador (BA), no Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI: Encontro Ibero Americano do Ano dos Afrodescendentes (16 a 20 de novembro de 2011), a Marcha Nacional das 100 mil Mulheres Negras está marcada para acontecer no dia 13 de maio de 2015, quando comemora-se o Dia Nacional de Denúncia do Racismo.
O ano escolhido também tem em sua simbologia a marca dos 320 anos do assassinato de Zumbi dos Palmares e no Dia da Mãe Preta – comemorado em 28 de setembro.
A Marcha tem o objetivo de homenagear nossas ancestrais com a defesa da cidadania plena das mulheres negras brasileiras e marcharemos porque:
- nós mulheres negras (pretas + pardas) somos cerca de 49 milhões espalhadas por todo o Brasil;
- o racismo, o machismo, a pobreza, com a desigualdade social e econômica, tem prejudicado nossa vida, rebaixando a nossa autoestima coletiva e nossa própria sobrevivência;
- o fortalecimento da identidade negra tem sido prejudicado ao longo dos séculos pela construção negativa da imagem da pessoa negra, especialmente da mulher negra, desde a estética (cabelo, corpo, etc.) até ao papel social desenvolvido pelas mulheres negras;
- as mulheres negras continuam recebendo os menores salários e são as que mais têm dificuldade para entrar no mundo do trabalho;
- a construção do papel social das mulheres negras é sempre pensada na perspectiva da dependência, da inferioridade e da subalternização, dificultando que nós possamos assumir espaços de poder, de gerência e de decisão, quer seja no mercado de trabalho, quer seja no campo da representação política e social;
- as mulheres negras sustentam o grupo familiar desempenhando tarefas informais, que as levam a trabalhar em duplas e triplas jornadas de trabalho;
- ainda não temos os nossos direitos humanos (direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais) plenamente respeitados.
Por isso, convidamos a todas para construírem e participarem da Marcha das 100 mil Mulheres Negras, para exigir do estado brasileiro, bem como de todos os setores da nossa sociedade, o compromisso efetivo com o nosso empoderamento e promoção da equidade racial e de gênero, a fim de que possamos exercer plenamente os nossos direitos como cidadãs brasileiras e construtoras históricas do Brasil.
Desta forma nós mulheres negras trabalhadores organizadas no movimento sindical vamos estar nesta construção, que tem o signo de liberdade, igualdade e direito de condição, e valorização histórica, cultural, social e econômica dessas que foram as pioneiras no trabalho assalariado.
*Mônica Custódio é secretária da Promoção da Igualdade Racial da CTB