O momento requer reflexão sobre nossos feriados

O momento requer reflexão sobre nossos feriados

É historiador, pós graduando em História da Bahia pela UCSAL, diretor da CTB-BA e do Sindicato dos Bancários da Bahia

Diante da crise de saúde pública ocasionada pela COVID-19,  o Coronavírus, precisamos repensar a nossa maneira de viver, nossos hábitos pessoais, nosso calendário e ainda as datas comemorativas.

Esta semana recebi um comunicado da escola do meu filho informando que as aulas retornarão, provavelmente, dia 20 de abril, e possivelmente haverá aula também dia 21, feriado.  Temos aqui, então, uma oportunidade para repensar os feriados e analisar se é mesmo importante termos alguns deles, tais como: 21 de abril e outros. 

Verificando o feriado de 21 de abril a historiografia atual já resignificou o papel de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Ele foi enforcado e esquartejado em 21 de abril de 1792 e teve partes de seu corpo expostas nos principais centros urbanos do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Foi reconhecido como herói nacional e um mártir da Inconfidência Mineira quando a República brasileira foi instalada através de um golpe em 15 de novembro de 1889.

Um dos primeiros atos do novo governo foi transformar a data em que ele foi executado em uma festa cívica a ser celebrada nos quartéis. Ou seja, comemoração de uma execução política. E os republicanos o utilizaram como símbolo ao assumiram o poder porque precisavam criar novos heróis para se contraporem a Monarquia. Da República pra cá ele se tornou herói nacional, porque antes não o era.  Já o feriado, foi estabelecido pela Lei Nº 4.897, de 9/12/1965, durante o governo militar do presidente Castelo Branco. 

Não podemos negar sua importância no debate sobre a instituição da República, o nome de Tiradentes está escrito no Panteão da Pátria e da Liberdade, conhecido como o “Livro dos Heróis da Pátria”. Precisamos manter sua condição de herói nacional, porém sem a necessidade de parar a produção da economia com mais um feriado.

 Temos que repensar as nossas vidas e recriar um novo mundo a partir dessas novas relações sociais e de produção que esse vírus nos impõe. A reconstrução do nosso país depende da condição física e de saúde de cada indivíduo, porque até então não tem cura e não há vacina para imunizar a população.

Para além disso, e diante de todas as perdas que o Coronavírus está nos trazendo, não podemos mais interromper as nossas atividades laborais para homenagear alguém, mesmo sabendo da sua importância.