Um golpe dentro do golpe

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O julgamento do ex-presidente Lula pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, cujo início está previsto para esta quarta-feira (24) em Porto Alegre, integra o script do golpe de Estado que, em 2016, afastou a presidenta Dilma da Presidência e instalou no Palácio do Planalto uma cleptocracia liderada pelo usurpador Michel Temer.

Restam poucas dúvidas de que Lula será declarado culpado pelos juízes. Também salta aos olhos o caráter político do julgamento. As acusações de que o ex-presidente é vítima carecem de fundamentos e provas. Sua condenação tem o único objetivo de afastá-lo das eleições presidenciais previstas para o fim do ano. Trata-se de um golpe dentro do golpe.

Os golpistas servem aos interesses escusos e reacionários das velhas classes que há séculos dominam o Brasil e cujo existência e poder constituem um sério obstáculo ao desenvolvimento nacional, à democracia, à soberania e aos interesses do povo trabalhador. São os grandes capitalistas nacionais e estrangeiros, a mídia burguesa, os banqueiros, os latifundiários e, destacadamente, os imperialistas estadunidenses, que tiveram papel decisivo no golpe.

O conteúdo reacionário do golpe transparece nas políticas reacionárias que vêm sendo impostas ao país pelo governo machista, racista e antipopular do senhor Temer, reprovado por mais de 90% dos brasileiros e brasileiras. A nova legislação trabalhista é um atentado ao Direito do Trabalho, estabelece a terceirização irrestrita, o infame trabalho intermitente, a prevalência do negociado sobre o legislado, a extinção da principal fonte de sustentação do movimento sindical.

A “nova política fiscal” congela o futuro do país ao reduzir drasticamente os investimentos públicos em infraestrutura, saúde, educação, saneamento e bem-estar social. Querem também acabar com as aposentadorias e pensões públicas, a pretexto de combater o que chamam de déficit da Previdência, um conceito fabricado e explorado de forma sensacionalista com o propósito de favorecer interesses privados.

A política econômica consagra a abertura do pré-sal ao capital estrangeiro, privatizações e privilégios para as grandes corporações que ofendem os interesses da nação, agridem a soberania e condenam a economia nacional ao atraso e eterno subdesenvolvimento.

É dever de todos os patriotas, democratas e representantes da classe trabalhadora denunciar o desmonte da seguridade social, a agressão à soberania, à democracia e aos direitos do nosso povo. Querem afastar Lula da disputa presidencial para continuar impondo o projeto golpista de restauração neoliberal.

Neste contexto, impõe-se ao movimento sindical e à classe trabalhadora a resistência e a luta sem quartel para interromper o brutal retrocesso que o país vem sofrendo. É preciso zelar pela unidade das centrais e trabalhar para a constituição de uma frente ampla em defesa da nação, da democracia e da valorização do trabalho.

Defender o direito de Lula ser candidato é defender o direito soberano do povo de ditar os rumos da política nacional, de escolher um caminho autônomo e democrático para o desenvolvimento soberano da nação, que não será possível sob o neoliberalismo e a liderança de golpistas.

É o povo e não a Justiça vergada aos interesses das classes dominantes quem deve decidir se Lula pode ou não ocupar novamente a cadeira de presidente. Seja qual for o resultado do julgamento que deve ter início nesta quarta-feira (24), em Porto Alegre, continuaremos firmes na luta em defesa do direito democrático de Lula ser candidato, bem como da soberania nacional e da valorização do trabalho.

Adilson Araújo
Presidente Nacional da CTB